Campanha destaca serviço gratuito de imunização para pacientes especiais

Alguns pacientes são mais vulneráveis a infecções e, por isso, têm necessidades específicas de vacinação. Essas pessoas podem ser atendidas gratuitamente em unidades de saúde do SUS: os Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), uma rede que já existe há 27 anos, que apesar desse histórico, o serviço ainda é pouco conhecido no Brasil, inclusive entre os médicos. Com o apoio de toda a sociedade, contudo, é possível mudar o cenário de desconhecimento e formar uma verdadeira rede de proteção em torno daqueles que correm maior risco de adoecer. Esse é o objetivo da campanha CRIE + Proteção, uma iniciativa da Pfizer, em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que tem entre diversas ações uma websérie especial presentada pelo médico Dráuzio Varella, que tem uma forte ligação com a temática.

Várias condições clínicas e procedimentos podem tornar um organismo mais suscetível a infecções, como enfrentar um câncer, passar por um transplante, viver com HIV ou com diabetes. “O envelhecimento da população está associado a um incremento no número de quadros crônicos. Graças aos avanços da medicina, os pacientes oncológicos, por exemplo, vivem cada vez mais, mesmo nos estágios avançados da doença, assim como os indivíduos que vivem com HIV. Além disso, infecções podem ser causa de descompensação de doenças como cardiopatias, diabetes, entre outras. Essas doenças de base aumentam o risco de contrair infecções graves e, portanto, a vacinação desses grupos precisa estar no centro das atenções”, afirma o presidente da SBIm, Juarez Cunha.

Web Série

Para estimular o conhecimento sobre a importância e a segurança da vacinação dos chamados pacientes especiais a campanha CRIE + Proteção reúne ações presenciais e digitais. A primeira delas é uma websérie especial apresentada pelo médico Dráuzio Varella, cancerologista, que dirigiu o serviço de Imunologia do Hospital do Câncer de São Paulo por 20 anos e foi um dos pioneiros em iniciativas de enfrentamento da AIDS no Brasil, ainda na década de 1980. Nos três vídeos da série, o médico visita unidades do CRIE para apresentar o serviço à sociedade e discutir as opções oferecidas aos pacientes imunocomprometidos.

Em cada um dos episódios, Dráuzio Varella conversa com profissionais das unidades de referência e acompanha pacientes que visitam esses locais pela primeira vez: Jussara Del Moral, diagnosticada com câncer de mama em 2007, Pedro Frazão, que passou por um transplante renal em 2018, e Lucas Raniel, que vive com HIV desde 2013. Exibidos a partir do mês de setembro, os vídeos ficarão disponíveis no canal do médico Dráuzio Varella no Youtube e, também, no portal da SBIm: http://www.familia.sbim.org.br/pacientes-especiais. Na plataforma, o internauta também pode se informar sobre as condições crônicas de saúde contempladas com a vacinação gratuita, conhecer as indicações e contraindicações para cada caso, bem como acessar a lista completa de endereços das unidades dos CRIE em todo o Brasil.

Criando proteção

A campanha CRIE + Proteção também conta com o apoio de influenciadores digitais de diferentes segmentos na divulgação da causa. “Esperamos que a campanha possa melhorar o conhecimento sobre as unidades do CRIE e estimular a adesão dos imunocomprometidos e pessoas com doenças crônicas à vacinação, valorizando um atendimento importante que é prestado gratuitamente pelo SUS”, afirma a diretora médica da Pfizer, Márjori Dulcine.

Uma das novidades mais recentes no âmbito do CRIE foi a ampliação das possibilidades de prevenção contra as doenças pneumocócicas, a partir da incorporação de uma vacina que protege contra os 13 tipos mais prevalentes da bactéria pneumococo em todo o mundo. Pessoas com condições clínicas que comprometem o sistema imunológico apresentam um risco aumentado para pneumonia e doenças pneumocócicas invasivas, em relação aos indivíduos saudáveis. Entre aquelas que vivem com HIV, por exemplo, o risco de contrair pneumonia é de 50 a 100 vezes maior na comparação com pessoas sem essa condição.

Pacientes oncológicos representam outro grupo suscetível à pneumonia e outras infecções, uma vez que o sistema imune pode ser enfraquecido pelo próprio câncer e pelos tratamentos que afetam as células de defesa. Também devem receber atenção especial indivíduos que utilizam imunossupressores, como as medicações usadas para evitar a rejeição em transplantados ou mesmo os pacientes submetidos a transplante de medula, o que pode prejudicar as memórias imunológicas adquiridas ao longo da vida.

“A vacinação contra o pneumococo está muito bem estabelecida nos calendários vacinais do Brasil e do mundo, de modo que a incorporação da 13-valente aos CRIE representa um grande avanço em termos de acesso. É fundamental que todos estejam atentos às atualizações nas recomendações de imunização, respeitando as particularidades de cada paciente e de sua condição clínica”, avalia Márjori.

Endereços CRIE: https://familia.sbim.org.br/images/files/lista-cries.pdf

#CRIEmaisProteção

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Foto: Reprodução Vídeo

Dia Nacional da Imunização: vacinação em dia previne mais de 20 doenças

Celebrado anualmente em 9 de junho, o Dia Nacional da Imunização destaca a importância de manter a carteira de vacinação atualizada para prevenir surtos de doenças fatais e evitar que outras já erradicadas voltem a fazer vítimas. Embora ainda não haja vacina para a Covid-19, as já existentes ajudam a fortalecer o sistema imunológico e a diminuir as chances de complicações por outras doenças que podem ocasionar agravamentos em pessoas com comorbidades ou condições clínicas especiais, por exemplo.

De acordo com a médica membro da Doctoralia, especialista em vacinas, Melissa Palmieri, a imunização está entre os marcos da humanidade que contribuíram para o aumento da expectativa e da qualidade de vida. “As vacinas salvam vidas. Graças ao avanço da medicina, hoje já é possível prevenir mais de 20 doenças importantes em diferentes faixas etárias. No Brasil, conseguimos erradicar a poliomielite. Chegamos a ter o selo de eliminação do sarampo, que infelizmente foi perdido no ano passado, o que traz um alerta para toda a sociedade que conquistas como essas dependem de uma ação coletiva em prol de estarmos em dia com as nossas vacinas”, ressalta.

Como forma de conscientizar a população sobre a importância da iniciativa, o Ministério da Saúde implementou, em 1973, o Programa Nacional de Imunizações, que estabeleceu um calendário nacional de vacinação contra as principais doenças que acometem crianças, adolescentes, adultos, idosos e gestantes.

Segundo Melissa, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o calendário de vacinação deve ser seguido por toda a vida. “É um engano pensar que na fase adulta não há mais vacinas para tomar. Quem está com a carteira desatualizada coloca em risco não apenas a própria saúde, mas a de todos, já que pode se tornar um transmissor de doenças, em especial para os grupos mais vulneráveis”, alerta.

Nos últimos anos, um movimento de pessoas que são contra a imunização, chamado de “antivacinas”, tem preocupado as autoridades de saúde e os médicos. “Os movimentos antivacinas são tão perigosos quanto agentes infecciosos, como vírus e bactérias, porque ameaçam reverter o progresso alcançado no combate às doenças evitáveis”, complementa.

A Covid-19 mostra ao mundo o que a falta de uma vacina pode trazer de consequências negativas a nível individual e social. “Não podemos esquecer o surto de febre amarela, em Minas Gerais, em dezembro de 2016, que se estendeu por vários estados em áreas com baixas coberturas vacinais e áreas que não eram de risco para a doença, elevando a mortalidade em cerca de 30% em pessoas acometidas pelo vírus. Não seguir o calendário de vacinação é uma escolha irresponsável com as vidas das pessoas, sob o aspecto social pode se enquadrar como um crime contra a saúde pública. Por isso, não podemos retroceder quando o assunto é vacinação e este dia vem nos chamar atenção para este tema tão importante”, finaliza a especialista da Doctoralia, Melissa Palmieri.

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Campanhas combatem boatos sobre vacinação contra sarampo para melhorar a imunização

Com 271 casos confirmados de sarampo dos 1.841 notificados desde março de 2018, Manaus teve decretação de situação de emergência para conter o avanço da epidemia da doença na capital amazonense. Os números divulgados no Informe Epidemiológico da Sala de Situação de Vigilância em Saúde publicado em 3 de julho revelam que o crescimento no número de casos suspeitos aumenta a possibilidade de disseminação da enfermidade para outros Estados, colocando em risco os compromissos para certificação da eliminação da circulação do vírus do sarampo.

Durante todo o mês de agosto, a partir do dia 6, acontecerá em nível nacional a Campanha Nacional Contra a Poliomielite e o sarampo, e dentro da situação de emergência buscará a intensificação da aplicação da vacina para alcançar 95% da população, controlando assim a epidemia. O público-alvo é composto de crianças com no mínimo 6 anos até adultos de 49 anos. Dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) estimam que a população nessa faixa etária seja de 724.048 pessoas, mas aproximadamente 40% ainda não foram devidamente imunizadas. O maior número de ocorrências tem sido observado ao longo da rodovia BR-174 (Manaus-Boa Vista), na zona norte de Manaus.

O infectologista e diretor de Assistência Médica da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-DHV), Antônio Magela Tavares, alerta sobre campanhas antivacinas baseadas em suposições e sem embasamento científico. “O sarampo, uma das doenças mais antigas de que se tem ciência mas que já tem vacina, chegou a ser vetada por pais de crianças e jovens por acreditarem que a vacina causava autismo”, exemplifica.

De acordo com Magela, os serviços de epidemiologia do Estado começaram a ficar atentos e iniciar campanhas após as notificações de casos na Venezuela, ano passado. Depois começaram as ocorrências em Roraima, principal ponto de destino dos imigrantes venezuelanos. “Como temos uma ligação direta com Boa Vista, vimos que era questão de tempo chegar aqui, por isso temos hoje o maior número de registros de sarampo na zona Norte da capital, que é por onde se entra em Manaus”, explica.

Mitos

O sarampo, conforme o infectologista, faz parte do grupo de viroses comuns da infância, não exclusivas dela. Juntamente com a crença de que a enfermidade causaria autismo, é um dos mitos que ainda existem, e vários adultos foram internados com a doença. “Ela pode evoluir gravemente em grupos de risco, com populações mais vulneráveis. Isso inclui quem faz quimioterapia, gestantes, idosos e crianças desnutridos, portadores de doenças crônicas e usuários de corticoides”, alerta Magela. Ele acrescenta que a vacina contra o sarampo também contempla a caxumba e a rubéola.

As pessoas podem ter tido sarampo na sua forma mais branda, que felizmente é a maior parte dos casos”, afirma Magela. “Quem já teve sarampo, está imunizado. Como toda epidemia, ela vai passar”, acrescenta. Isso porque, segundo o infectologista, a partir do momento em que 95% da população estiver vacinada, a doença começa a regredir.

As redes sociais tem sido a arma utilizada para tirar dúvidas, compartilhar informações sobre o sarampo e, principalmente, desmentir boatos. “Sempre surgem áudios e vídeos alarmistas, e estamos desmistificando isso para passar informações mais seguras para as pessoas”, explica Magela. “O sarampo é uma das doenças mais antigas, mas que possui vacina. Por que ainda existe? Por causa de campanhas antivacina, que não tem embasamento científico e são baseadas em suposições”, alerta.

Magela conta que, na Inglaterra, um pesquisador publicou em 1998 um artigo no qual associava o autismo à vacina do sarampo. “Houve uma redução drástica na vacinação, o sarampo aumentou, mas o autismo, não. Em 2010, o artigo foi desmentido. Em 12 anos, muita gente deixou de se vacinar, causando explosão da doença em vários países”, lembra. “No Brasil, ainda hoje é assim. São crianças que podem se imunizar entrando em contato com pessoas doentes”.

Antonio Magela Tavares, infectologista da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-DHV), Antônio Magela Tavares: sarampo ainda existe por causa de campanhas antivacina sem embasamento científico

Riscos

O médico da FMT alerta que o sarampo pode causar morte em idosos e crianças, além de causar meningite e encefalite, com grande risco de sequelas psicológicas. “Com toda essa realidade epidemiológica, é mais seguro e inteligente se vacinar. O Brasil hoje é autossuficiente na produção da vacina, feita com todo o rigor de critérios científicos e eficaz. O calendário oficial de vacinas está aí desde 1987, e em torno de umas 20 doenças podem ser prevenidas pela vacinação”, argumenta Magela.

Poliomielite

Até o final do século 20, a poliomielite ainda causou muita preocupação. “A geração que hoje tem 50 a 60 anos se lembra disso. Havia medo muito grande da polio, chamada paralisia infantil por atingir muitas crianças”, lembra Magela.

Atualmente, não há notificações sobre poliomielite, mas isso não elimina os riscos. “Mais de 300 cidades brasileiras estão em situação de risco por terem baixa cobertura vacinal, às vezes abaixo de 50%, por isso essa campanha a partir do dia 6”, justifica o infectologista.

A forma grave da poliomielite compromete o sistema nervoso central e o respiratório, e os estudos para produção de vacinas se intensificaram a partir dos anos 1950. O último caso registrado no Brasil foi em 1990, e após isso a poliomielite foi considerada erradicada no país, o que foi certificado em 1994. “Mas ela ainda existe, o que justifica a vacina. O vírus continua circulando no mundo, e no processo de globalização é fácil ir de um lugar para outro. Daí devemos intensificar a cobertura vacinal”, atesta.

Por que vacinar?

O sarampo é uma doença infecciosa viral alta transmissibilidade, cuja prevenção é feita através da vacina Tríplice Viral que pode ser contraída por pessoas de qualquer idade. Quem a contrai pode evoluir para quadros graves, incluindo meningite, encefalite, pneumonia e morte, principalmente em idosos, crianças desnutridas e menores de um ano de idade. A transmissão da doença ocorre diretamente de pessoa a pessoa, através de gotículas do nariz, boca ou garganta de pessoas infectadas pelo vírus.

A poliomielite é uma doença causada por um vírus que reside no intestino e é eliminado com as fezes, que contamina água e alimentos, culminando no ataque do vírus ao sistema nervoso central, destruindo os neurônios motores da medula, atrofiando as fibras musculares. Com isso, a criança perde força nos membros inferiores, atrofia, também chegando a causar outras dificuldades como insuficiência respiratória, contaminando água e alimentos e podendo infectar outra pessoa. Há o risco da transmissão direta de pessoa para pessoa através de gotículas de saliva, fala, espirro e tosse.

Fotos: Mayana Lopes