Fiocruz traz conferência internacional sobre Ciência, Tecnologia e Inovação

A Fiocruz traz de 13 a 15 de fevereiro para o Rio de Janeiro a reunião anual da Comunidade Global de Tecnologia Sustentável e Inovação, a G-Stic, que pela primeira vez será realizada nas Américas. E como a Fundação é a principal co-anfitriã, a saúde ganha um grande destaque na G-Stic Rio.

Nomes como o de Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Qu Dongyu, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), ambos on-line, e Nísia Trindade Lima, ministra da Saúde, presencialmente, reúnem-se na ExpoMag para discutir o tema Por um futuro equitativo e sustentável: soluções tecnológicas inovadoras para uma melhor recuperação pós-pandemia.

“A Fiocruz, como principal organizadora desta edição, reforça sua participação em âmbito global na discussão de tecnologias e inovações sustentáveis, com uma visão de destaque para a saúde”, explicou Mario Moreira, presidente interino da Fundação.

Para Moreira, a realização da conferência no continente confere uma ênfase especial à questão das desigualdades globais e regionais em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).

“Essa tem se revelado uma das fragilidades da capacidade internacional de articulação de resposta e preparação para emergências sanitárias. Equidade e sustentabilidade apresentam-se, nesse aspecto, como outros elementos definidores dessa capacidade”, acrescentou.

A lista de participantes reúne outros nomes de peso, como Macharia Kamau, diplomata queniano que foi o enviado especial da ONU para Implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) a serem alcançados até 2030; Amandeep Singh Gill, enviado especial do secretário-geral da ONU para Tecnologia; e Maria Van Kerkhove, líder técnica da OMS para Covid-19. A lista segue com a ativista indígena Samela Sateré-Mawé e a princesa belga Marie-Esmeralda, presidente do Fundo Leopoldo III para a Conservação da Natureza, entre outros. A Fiocruz participa ainda com integrantes como o próprio Moreira; Marco Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde; e Mauricio Zuma, diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos).

“O mundo está diante de um grande desafio: a reconstrução pós-pandemia em bases sustentáveis, respeitando a equidade e a inclusão. E para fazer frente a esse processo, o grande referencial é a Agenda 2030, com os ODS”, explicou Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030) e à frente da organização da G-Stic Rio.

A conferência lida justamente com essa questão: pensar em como garantir tecnologias eficazes e sustentáveis visando os ODS. Gadelha lembrou que, apesar da proximidade de 2030, a grande maioria desses objetivos está longe de ser cumprida.

“O desafio que temos é como CT&I podem modificar esse cenário, quebrar assimetrias, garantir o acesso às tecnologias, em processos inclusivos. A pandemia nos deu exemplos disso, como nas vacinas contra Covid-19, que foram produzidas rapidamente, mas que ficaram inacessíveis à maioria da população”, avaliou.

Inicialmente capitaneado pelo instituto de tecnologia belga Vito, que mantém peso significativo no evento, a G-Stic reúne um conjunto de instituições com representações em todas as regiões do mundo. A entrada do Brasil em 2018, por meio da Fiocruz, deu uma relevância ainda maior para o tema da saúde, o que fica claro na programação de fevereiro.

“Um dos ativos únicos da G-STIC é sua perspectiva multissetorial e orientada para o futuro em CT&I. A G-Stic analisa clusters de tecnologia e identifica soluções que contribuem substancialmente para alcançar os princípios da Agenda 2030 e os ODS. Ela reúne partes interessadas de organizações multilaterais, governos, indústria, atores privados, sociedade civil e academia”, disse Dirk Fransaer, diretor-geral da VITO.

“Em sintonia com essa abordagem, a G-Stic Rio reconhece os princípios de solidariedade e ‘trabalho conjunto’ do relatório do secretário-geral da ONU Nossa Agenda Comum como fundamentais para acelerar a implementação dos ODS. A CT&I têm o potencial de catalisar o envolvimento da comunidade nesse processo. A próxima edição do G-STIC no Rio de Janeiro trará esse conceito de integração, solidariedade e multilateralismo entre setores, partes interessadas e países em um interesse comum”, acrescentou.

As sessões do evento se dividem em seis temas: Saúde, Educação, Água, Energia, Clima e Oceanos. Em Saúde, Bio-Manguinhos está organizando mesas sobre vacinas e imunização. O painel Desafios e Perspectivas para a produção local, nos dias 14 e 15, será dividido em quatro sessões que trarão especialistas como James Fitzgerald, diretor do Departamento de Sistemas e Serviços de Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas); Lieve Fransen, consultora sênior do Centro Europeu de Políticas em Saúde; Carla Vizzotti, ministra da Saúde da Argentina; e Tiago Rocca, vice-presidente do Conselho de Membros de Fabricantes de Vacinas para Países em Desenvolvimento (DCVMN); além de representantes de instituições internacionais de renome na área como Wellcome, CEPI e Medicines Patent Pool, OXFAM e MSF, entre outros.

Essa agenda tem como objetivo discutir fatores críticos de sucesso para produção local de vacinas em países em desenvolvimento, endereçando os desafios e perspectivas em relação a demanda e fornecimento, financiamento e perspectiva global em relação à propriedade intelectual e acesso.

As discussões envolverão os desafios sistemáticos de pesquisa & desenvolvimento e produção local de vacinas, abrangendo: desafios de saúde tendo em conta o cenário epidemiológico, doenças emergentes e reemergentes, experiências de financiamento da inovação e prontidão para respostas a emergências, os desafios de desenvolvimento de capacidades e financiamento da produção local, e equidade e acesso para assegurar a vacina e a vacinação para todos.

A conferência

Esta é a sexta edição da G-Stic. Considerada a maior conferência global de Ciência, Tecnologia e Inovação para aceleração da Agenda 2030, ela acontecia na Bélgica desde seu início, em 2017. Para aumentar a sua capilaridade, passou a ser realizada em outros países, acontecendo em 2022 durante a Expo Dubai. A Fiocruz, que participa como coanfitriã desde 2018, sugeriu então que a edição de 2023 ocorresse no Brasil.

A G-STIC é organizada em conjunto pela Vito (organização belga de pesquisa, tecnologia e desenvolvimento sustentável) e sete outros institutos de pesquisa sem fins lucrativos: Fiocruz, CSIR (Conselho de Pesquisa Científica e Industrial, África do Sul), Giec (Instituto de Conversão de Energia de Guangzhou, China), Gist (Instituto de Ciência e Tecnologia de Gwangju, Coreia do Sul), Nacetem (Centro Nacional de Gestão de Tecnologia, Nigéria), Teri (Instituto de Energia e Recursos, Índia) e SDSN (Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas).

No Brasil, a G-Stic Rio conta com o patrocínio master da Petrobras, Pfizer e Fiotec e com o patrocínio das empresas Aegea, IBMP, Instituto Helda Gerdau, Klabin, Sanofi, GSK, Enel, Engie, The Rockefeller Foundation, RaiaDrogasil e Firjan, além do apoio do Instituto Clima e Sociedade.

A programação pode ser conferida site da G-Stic Rio

Foto: Reprodução (Topo)
Ilustração: Divulgação

Burnout: Um ano de oficialização como síndrome ocupacional

O formato de trabalho atual, com telefones e dispositivos eletrônicos conectados o tempo inteiro, vem gerando um estresse e esgotamento mental que antigamente não existiam. Para acompanhar as mudanças nas relações de trabalho, desde janeiro de 2022, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu o burnout como uma doença crônica associada a fatores que influenciam o estado de saúde. Agora, um ano após a oficialização da doença como uma síndrome ocupacional, o que mudou?

De acordo com Karen Valeria da Silva, coordenadora de Psicologia da Docway, empresa pioneira em soluções de saúde digital no Brasil, a principal mudança foi o direcionamento técnico para o diagnóstico. “Antes, tudo era tratado como um quadro depressivo ou de estresse. Agora, com a inclusão de critérios específicos para o diagnóstico, realizar uma decisão clínica com um plano de tratamento assertivo fica muito mais direcionado”, comenta.

O burnout é classificado como uma síndrome multifatorial, ou seja, um conjunto de sinais e sintomas que identificam um quadro clínico, entre eles estresse, depressão, diminuição da autoestima, ansiedade e falta de produtividade, sempre associados ao trabalho. “os sintomas podem repercutir em diversos âmbitos da vida, mas em análise aprofundada durante o psicodiagnóstico é possível perceber o papel do ambiente de trabalho no desencadeamento ou potencialização desses sintomas”, explica.

De acordo com Karen Valeria da Silva, coordenadora de Psicologia da Docway, a principal mudança foi o direcionamento técnico para o diagnóstico

No universo corporativo, a preocupação com a doença também avançou. “A pandemia já havia acendido um sinal de alerta para as doenças relacionadas com a saúde mental. Com a introdução do burnout no CID, essa preocupação tornou-se mais evidente nas empresas, visto que agora faz-se um diagnóstico mais preciso, impactando em uma série de questões, como a produtividade do colaborador, um período de afastamento, ou até mesmo implicações jurídicas caso o quadro clínico não seja tratado com respeito e seriedade”, aponta.

Contudo, na prática, a situação ainda tem muito para melhorar. “Já começamos a quebrar o paradigma cultural brasileiro de resistência e preconceito com tratamentos psicológicos, mas os números mostram que precisamos ir além”, sugere. A psicóloga ressalta que, numa visão corporativa, ações preventivas e de promoção da saúde são muito mais baratas que perder um funcionário, além de serem um chamariz para novos colaboradores. “Hoje, muitos profissionais já buscam esse cuidado e preocupação como o valor de uma organização em que deseja atuar. Desenvolver esse cuidado internamente pode ajudar a empresa a atingir maior satisfação de seus colaboradores e, também, alcançar um melhor posicionamento de mercado”, finaliza Karen.

Fotos:  Divulgação 

Aleitamento materno pode gerar fator de proteção até para a leucemia infantil, reforça sociedade médica

O Agosto Dourado destaca a importância do aleitamento materno para o desenvolvimento dos bebês, com a transferência de anticorpos e fortalecimento da imunidade, protegendo-os de infecções e doenças. Estudos apontam inclusive a associação entre o leite materno e a menor incidência de casos de câncer, reforça a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (Sobope).

Além da associação entre o aleitamento e a redução na prevalência do câncer de mama e câncer de útero para a mulher, o fator de proteção para a criança também é significativo. “Uma meta-análise (que incluiu 45 artigos, com mais de 400 mil indivíduos) mostrou a relação entre amamentação e menores índices de leucemia na infância”, afirma a Dra. Maristella Bergamo, oncologista pediátrica da Sobope.

A leucemia é responsável por uma parte considerável dos casos de câncer entre crianças e é uma das principais causas de morte nessa faixa de idade. Uma pesquisa internacional, publicada no Journal of American Medical Association, reúne informações de diversos estudos e confirma que a amamentação materna é capaz de reduzir as chances de leucemia entre os pequenos.

O que a ciência já sabe há algum tempo é que a amamentação auxilia o sistema imunológico a desenvolver defesas contra a diarreia, pneumonia e infecções em geral. Diminui também os riscos de infecções e alergias, além de provocar um efeito positivo no desenvolvimento cognitivo. A amamentação ainda sacia a fome, contribui para uma melhora nutricional e reduz as chances de obesidade e diabetes.

Rede de apoio

A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria sugerem a amamentação com leite materno desde a sala de parto, em livre demanda. A recomendação mundial é de que o aleitamento deve ser exclusivo até os seis meses, e complementado com adição de alimentos até os dois anos ou mais. No Brasil, no entanto, a amamentação exclusiva alcança apenas 45,8% dos bebês com até seis meses

Por isso, a rede de apoio formada pelas pessoas próximas à mulher lactante é fundamental ao longo deste processo. “A família ou pessoas do convívio devem sim apoiar, dando todo suporte necessário, desde pegar um copo d’água até acordar a noite para ajudar nos cuidados com o bebê. É preciso estimular a mãe e dessa forma contribuir para a saúde e bem-estar tanto dela quanto da criança”, conclui a oncologista pediátrica da Sobope. 

Sobope

Fundada em 1981, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica tem como objetivo disseminar o conhecimento referente ao câncer infanto-juvenil e seu tratamento para todas as regiões do País; e uniformizar métodos de diagnóstico e tratamento.

A Sobope atua no desenvolvimento e divulgação de protocolos terapêuticos e na representação dos oncologistas pediátricos brasileiros junto aos órgãos governamentais. Promove o ensino da oncologia pediátrica, visando à divulgação e troca de conhecimento científico da área em âmbito multiprofissional.

Apesar dos inúmeros benefícios, incluindo um melhor desenvolvimento, a amamentação exclusiva alcança apenas 45,8% dos bebês com até seis meses

Foto: Gris Guerra/Pixabay

Mês Mundial da Visão tem Daniela Mercury como embaixadora e conscientiza sobre glaucoma

Cerca de 80 milhões de pessoas têm glaucoma em todo o mundo e estimativas apontam que 3,2 milhões delas ficariam cegas devido à doença até o final de 2020; perda da visão causada pelo glaucoma é irreversível

Outubro também é o Mês Mundial da Visão, e tem campanha de conscientização “Não perca seu mundo de vista, tenha um novo olhar para o glaucoma”, conduzida pela Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG) e pela Upjohn, divisão da Pfizer focada em doenças crônicas não transmissíveis. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), o glaucoma é a segunda causa de cegueira no mundo, ficando atrás apenas da catarata. Entretanto, representa um desafio maior para a saúde pública do que a catarata, porque a cegueira causada pelo glaucoma é irreversível.

A iniciativa terá diversas ações com foco no universo digital e seguem as orientações sanitárias com relação ao distanciamento social no combate ao novo coronavírus. Destaque para a cantora baiana Daniela Mercury como embaixadora da causa, uma voz influente em todo país e, principalmente, na região Nordeste – onde está a maior população afrodescente, público vulnerável por fazer parte do grupo de risco. Daniela tem aderência com o público acima dos 40 anos, mais suscetível ao glaucoma e aproximação com os jovens, também importante pelo grande desconhecimento percebido na pesquisa realizada “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, aplicada neste ano pelo IBOPE Inteligência.

“Fiquei feliz em vestir essa camisa e lutar por uma causa tão importante para a saúde de todos. Por falta de conhecimento, algumas pessoas passam anos sem saber que têm glaucoma e consultar um especialista é fundamental. Houve, por exemplo, um caso de doença ocular na minha família e percebi o quanto um problema na visão pode impactar na saúde geral de uma pessoa. É essencial divulgar e falar sobre esse tema”, conta a artista.

Daniela Mercury é embaixadora da campanha de conscientização sobre Glaucoma

Ações digitais

Segundo projeções do IAPB (Agência Internacional para Prevenção da Cegueira), há cerca de 80 milhões de pessoas com glaucoma em todo o mundo e estimativas apontam que 3,2 milhões delas ficariam cegas devido à doença até o final de 20202. Pensando nisso, um filtro temático e dinâmico para Instagram foi criado, levando o efeito tubular e embaçado, com possibilidade de avançar os estágios da doença, para percepção de como o glaucoma atinge a visão e causa a perda de importantes momentos da vida. Já no Facebook será possível adicionar um tema na foto do perfil que simula a fase mais avançada da doença.

“Por meio de um discurso sensível e educacional, esperamos engajar diferentes públicos. O insight criativo é demonstrar com o uso dos filtros que simulam o efeito do glaucoma que a doença pode roubar as melhores cenas da vida e, para sempre. Por isso, a importância dos cuidados com a saúde ocular”, explica Ana Luiza Petry, gerente de Comunicação e Assuntos Corporativos da Upjohn.

Para dar ainda mais visibilidade, força e o tom certo à iniciativa, um time de famosos, influenciadores e anônimos formarão uma corrente com postagens, mensagens de apoio e até testemunhos que entoarão um videoclipe especial para conscientização do Mês Mundial da Visão, que também trará dados da doença e números da pesquisa. Também será usada a hashtag #deolhonoglaucoma que será compartilhada por todos nas plataformas digitais.

Dia Mundial da Visão

Outro ponto alto da campanha acontece em 8 de outubro, Dia Mundial da Visão, com o desafio que será lançado por algumas celebridades para marcarem em suas redes sociais e engajarem mais pessoas a participarem da ativação com o uso dos filtros e levando conhecimento sobre o tema para o maior número de brasileiros.

“Estamos falando de uma doença de elevado potencial e que está associada a um desfecho irreversível que é a cegueira. Por isso, reforçamos a importância de dialogar sobre o assunto por meio de iniciativas de conscientização e que a frequência oftalmológica se torne parte da rotina médica”, destaca Ana.

Integra a campanha uma ampla investigação sobre o cenário do glaucoma no Brasil e a necessidade de uma nova visão sobre a doença, com a pesquisa “Um olhar para o glaucoma no Brasil”, aplicada pelo IBOPE Inteligência a 2,7 mil internautas brasileiros, a partir dos 18 anos de idade, em diferentes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Ceará e Pernambuco. “Alguns públicos possuem maior chance de desenvolvimento em pessoas com casos na família, afrodescendentes e pacientes com pressão intraocular elevada3“, relata o mestre e doutor em Oftalmologia, Augusto Paranhos Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma (SBG).

“Estima-se que entre 2 a 3% da população brasileira acima de 40 anos possam ter a doença, o que representa cerca de 1,5 milhão de pessoas. E o levantamento aponta que quase metade (47%) acreditava ser um mito ou desconheciam a relação com a hereditariedade e 90% não associavam a patologia com a afrodescendência”, finaliza o especialista.

Foto: Daniela Mercury | Divulgação
Ilustração: Pete Linforth | Pixabay

Segeam doa totens para a dispensação de álcool gel 70% a unidades públicas de saúde

A Associação Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas) doará às unidades da rede pública de saúde do Amazonas, 18 unidades de totens dispensers de álcool gel 70% antisséptico, que ajudarão na prevenção à Covid-19 e mitigação de seus impactos na rede SUS. Segundo a presidente da instituição, enfermeira Karina Barros, os primeiros itens foram entregues nesta semana, ao Serviço de Pronto Atendimento Danilo Corrêa (Cidade Nova, zona Norte), e às maternidades Ana Braga (zona Leste) e Nazira Daou (Zona Norte).

Ela explica que a ação visa fortalecer a rede de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e, ao mesmo tempo, garantir mais segurança a pacientes e profissionais que atuam na rede pública, entre eles, enfermeiros da própria Segeam.

“No campo da responsabilidade social, traçamos cronogramas de ações que visem o bem-estar coletivo. E por estarmos em um momento difícil, sabemos que iniciativas como essa fazem toda a diferença”, destacou. Os totens possuem um sistema de dispensação do produto que deve ser acionado na base, com a ajuda dos pés, evitando o contato direto com as mãos.

A idéia foi pautada em recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e de demais autoridades da área, as quais apontam que uma das formas de se minimizar o contágio do covid-19 (vírus SARS-COV-2) é o uso do álcool etílico 70% em forma de gel para assepsia das mãos e higienização de superfícies e objetos.

Em fevereiro deste ano, o presidente do Conselho Federal de Química (CFQ), José de Ribamar Oliveira Filho, emitiu nota reforçando que o álcool etílico (etanol) é um eficiente desinfetante de superfícies/objetos e antisséptico de pele. “Para este propósito, o grau alcoólico recomendado é 70%, condição que propicia a desnaturação de proteínas e de estruturas lipídicas da membrana celular, e a consequente destruição do microrganismo”.

No âmbito do SUS, a utilização do produto é considerada essencial, pois é nas unidades de saúde que os profissionais ficam expostos a vírus e bactérias, diariamente, e o álcool ajuda a evitar contágios em todos os setores da assistência.

 Unidades a serem beneficiadas com a doação

– Maternidade Nazira Daou

– Maternidade Ana Braga

– Instituto da Mulher dona Lindu

– Maternidade Balbina Mestrinho

– Maternidade Chapot Prevost

– Hospital e Pronto Socorro João Lúcio

– Hospital e Pronto Socorro 28 de Agosto (serão 2 unidades)

– Hospital e Pronto Socorro da Criança Zona Sul

– Hospital e Pronto Socorro da Criança Zona Leste

– Hospital e Pronto Socorro da Criança Zona Oeste

– Hospital e Pronto Socorro Platão Araújo

– Policlínica PAM Codajás

– Policlínica PAM Gilberto Mestrinho

– Policlínica Zeno Lanzini

– Policlínica e SPA Danilo Corrêa

– Policlínica José Lins

– Lar Residencial Terapêutico Rosa Blaya (SRT)

Foto: divulgação

Hepatites virais são objetivo de campanha de esclarecimento e prevenção em todo o Brasil

As hepatites virais, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde (MS), infectam pelo menos 3 milhões de brasileiros que não sabem que possuem o vírus. Em nível mundial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 3% da população mundial seja portadora de hepatite C crônica. Pelo menos 1,4 milhão morrem dessas complicações a cada ano, em média.

Por conta da gravidade dessa doença silenciosa, a OMS instituiu em 2010 o dia 28 de julho como Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais a partir de iniciativa e propostas governamentais, e desde então o MS, dentro do Julho Amarelo, cumpre uma série de metas e ações de prevenção e controle para o combate à doença por meio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde. São realizadas testagens e trabalhos de conscientização sobre a enfermidade e suas variações, visando divulgar conhecimento sobre transmissão e prevenção. As ações incluem ainda distribuição de preservativos, pois relações sexuais também são formas de contrair a doença. No Amazonas, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) enviou aos municípios mais de 1,4 milhão de preservativos e 51 mil kits de testes rápidos para hepatite B e 48,5 mil para hepatite C.

Dos sete tipos de hepatite viral (caracterizadas pelas letras A a G), os mais comuns no Amazonas são A, B e D, em suas formas agudas e crônicas, segundo informações da Coordenação Estadual da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). Cinco deles tem tropismo pelo fígado e causam inflamação do órgão, e a infecção crônica pode inclusive se tornar um câncer.

De 1999 a 2017, conforme levantamento do MS, foram confirmados em todo o país quase 165 mil casos de hepatite A (com maior incidência na região Nordeste, com 30,6%), 218 mil do tipo B (mais ocorrência no Sudeste, com 35,7%), 200 mil do tipo C (60% de incidência no Sudeste) e 3,8 mil do tipo D (maior incidência no Norte, com 75%). Em todos os tipos o Amazonas liderou o total de confirmações. As hepatites E e G são raras no Brasil, enquanto a F ainda não foi diagnosticada em humanos.

Em relação ao Amazonas, no período do levantamento do ministério, foram identificados 14.151 casos de hepatite A, 8.234 do tipo B, 1.613 do tipo C e 1.495 do tipo D. Todos os tipos de hepatite possuem sintomas semelhantes, em geral olhos amarelados e abdômen distendido, apesar de serem causados por vírus diferentes. Gestantes após o primeiro trimestre de gestação, portadores de DSTs, coletadores de lixo hospitalar e domiciliar, usuários de drogas e profissionais do sexo estão entre as populações mais vulneráveis.

De acordo com a Coordenação Estadual da FMT-HVD, as hepatites B e C tendem a evoluir para um câncer e/ou uma cirrose hepática. Para seu diagnóstico existe o teste rápido por meio de uma lanceta introduzida no dedo da pessoa, semelhante ao de glicose, com resultados em 30 minutos. Os demais são feitos por sorologia, por meio da coleta do sangue e seu envio para análise em laboratório. A coordenação chama a atenção para a importância de procurar um local de referência para atendimento e tratamento adequado, como a própria FMT, pois chás e remédios naturais podem interferir e prejudicar ainda mais o fígado.

A Fundação de Medicina Tropical, no bairro Dom Pedro, zona centro-oeste de Manaus, é um dos locais de referência para diagnóstico e tratamento das hepatites virais (Foto: Mayana Lopes)

Identificação das Hepatites

HEPATITE A

A hepatite A é uma doença contagiosa, causada pelo vírus A (VHA) e também conhecida como “hepatite infecciosa”.

Transmissão: Fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.

Sintomas: Geralmente, não apresenta. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando surgem, costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção.

Diagnóstico: É realizado por exame de sangue. Após a confirmação, o profissional de saúde indicará o tratamento mais adequado. A doença é totalmente curável quando o portador segue corretamente as recomendações médicas.

Como se prevenir: Melhorar as condições de higiene e de saneamento básico, lavar sempre as mãos, consumir apenas água tratada, evitar contato com valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto.

HEPATITE B

A hepatite do tipo B é uma doença infecciosa também chamada de soro-homóloga, causada pelo vírus B (HBV).

Transmissão: Como o VHB está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível.

Sintomas: A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. Mas os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção.

Diagnóstico: É feito por meio de exame de sangue específico.

Como se prevenir: Usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

HEPATITE C

A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV), já tendo sido chamada de “hepatite não A não B”. O vírus C, assim como o vírus causador da hepatite B, está presente no sangue.

Transmissão: Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para confecção de tatuagem e colocação de piercings; de mãe infectada para o filho durante a gravidez; sexo sem camisinha com uma pessoa infectada.

Sintomas: O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C aguda é muito raro. Entretanto, os que mais aparecem são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando a infecção pelo HCV persiste por mais de seis meses, o que é comum em até 80% dos casos, caracteriza-se a evolução para a forma crônica.

Diagnóstico: Depende do tipo do vírus (genótipo) e do comprometimento do fígado (fibrose). Para isso, é necessária a realização de exames específicos, como biópsia hepática nos pacientes sem evidências clínicas de cirrose e exames de biologia molecular.

Como se prevenir: Não compartilhar com outras pessoas nada que possa ter entrado em contato com sangue, como seringas, agulhas e objetos cortantes. Entre as vulnerabilidades individuais e sociais, devem ser considerados o uso de álcool e outras drogas e a falta de acesso à informação e aos insumos de prevenção como preservativos, cachimbos, seringas e agulhas descartáveis.

HEPATITE D

A hepatite D, também chamada de Delta, é causada pelo vírus D (VHD). Mas esse vírus depende da presença do vírus do tipo B para infectar uma pessoa.

Transmissão: Assim como a do vírus B, ocorre por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada; de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, etc), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings;

Sintomas: Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sintomas ou sinais discretos da doença. Os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Diagnóstico: A gravidade da doença depende do momento da infecção pelo vírus D. Pode ocorrer ao mesmo tempo em que a contaminação pelo vírus B ou atacar portadores de hepatite B crônica (quando a infecção persiste por mais de seis meses). Na infecção simultânea dos vírus D e B, na maioria das vezes, manifesta-se da mesma forma que hepatite aguda B. Já na infecção pelo vírus D em portadores do vírus B, o fígado pode sofrer danos severos, como cirrose ou até mesmo formas fulminantes de hepatite.

Como se prevenir: Como a hepatite D depende da presença do vírus B para se reproduzir, as formas de evitá-la são as mesmas do tipo B da doença.

Fonte: Ministério da Saúde

Foto principal: Altemar Alcântara/Semcom/Fotos Públicas