Ministra da Saúde, Nísia Trindade, é a entrevistada do Roda Viva, nesta segunda

Nesta segunda-feira (6/2), a ministra da Saúde, Nísia Trindade, é a entrevistada do Roda Viva, ao vivo, na TV Cultura. A cientista e pesquisadora Nísia Trindade Lima assumiu o comando do Ministério da Saúde no dia 2 de janeiro e já encara um drama internacional: a crise humanitária que atinge a Terra Indígena Yanomami.

Nomeada pelo presidente Lula, ela é a primeira mulher a chefiar a Pasta. A ministra também foi a primeira mulher a presidir a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição histórica de ciência e tecnologia, e referência internacional, entre 2017 e 2022, período que o mundo conheceu a Covid-19, doença que deixou quase 700 mil mortos no Brasil.

A bancada de entrevistadores será formada por Basilia Rodrigues, analista de política da CNN Brasil; Constança Tasch, do jornal O Globo; Elaíze Farias, cofundadora e editora de conteúdo da agência Amazônia Real; Jéssica Moreira, jornalista e cofundadora do Nós, mulheres da periferia; e Mariana Varella, editora-chefe do Portal Drauzio Varella.

Com apresentação de Vera Magalhães, o programa vai ao ar a partir das 22h (horário de Brasília), na Cultura, no site da emissora, YouTube, Dailymotion, Twitter e Facebook.

Foto: Júlia Prado – Flickr

Hepatites virais são objetivo de campanha de esclarecimento e prevenção em todo o Brasil

As hepatites virais, de acordo com estimativas do Ministério da Saúde (MS), infectam pelo menos 3 milhões de brasileiros que não sabem que possuem o vírus. Em nível mundial, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que aproximadamente 3% da população mundial seja portadora de hepatite C crônica. Pelo menos 1,4 milhão morrem dessas complicações a cada ano, em média.

Por conta da gravidade dessa doença silenciosa, a OMS instituiu em 2010 o dia 28 de julho como Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais a partir de iniciativa e propostas governamentais, e desde então o MS, dentro do Julho Amarelo, cumpre uma série de metas e ações de prevenção e controle para o combate à doença por meio do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde. São realizadas testagens e trabalhos de conscientização sobre a enfermidade e suas variações, visando divulgar conhecimento sobre transmissão e prevenção. As ações incluem ainda distribuição de preservativos, pois relações sexuais também são formas de contrair a doença. No Amazonas, a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) enviou aos municípios mais de 1,4 milhão de preservativos e 51 mil kits de testes rápidos para hepatite B e 48,5 mil para hepatite C.

Dos sete tipos de hepatite viral (caracterizadas pelas letras A a G), os mais comuns no Amazonas são A, B e D, em suas formas agudas e crônicas, segundo informações da Coordenação Estadual da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). Cinco deles tem tropismo pelo fígado e causam inflamação do órgão, e a infecção crônica pode inclusive se tornar um câncer.

De 1999 a 2017, conforme levantamento do MS, foram confirmados em todo o país quase 165 mil casos de hepatite A (com maior incidência na região Nordeste, com 30,6%), 218 mil do tipo B (mais ocorrência no Sudeste, com 35,7%), 200 mil do tipo C (60% de incidência no Sudeste) e 3,8 mil do tipo D (maior incidência no Norte, com 75%). Em todos os tipos o Amazonas liderou o total de confirmações. As hepatites E e G são raras no Brasil, enquanto a F ainda não foi diagnosticada em humanos.

Em relação ao Amazonas, no período do levantamento do ministério, foram identificados 14.151 casos de hepatite A, 8.234 do tipo B, 1.613 do tipo C e 1.495 do tipo D. Todos os tipos de hepatite possuem sintomas semelhantes, em geral olhos amarelados e abdômen distendido, apesar de serem causados por vírus diferentes. Gestantes após o primeiro trimestre de gestação, portadores de DSTs, coletadores de lixo hospitalar e domiciliar, usuários de drogas e profissionais do sexo estão entre as populações mais vulneráveis.

De acordo com a Coordenação Estadual da FMT-HVD, as hepatites B e C tendem a evoluir para um câncer e/ou uma cirrose hepática. Para seu diagnóstico existe o teste rápido por meio de uma lanceta introduzida no dedo da pessoa, semelhante ao de glicose, com resultados em 30 minutos. Os demais são feitos por sorologia, por meio da coleta do sangue e seu envio para análise em laboratório. A coordenação chama a atenção para a importância de procurar um local de referência para atendimento e tratamento adequado, como a própria FMT, pois chás e remédios naturais podem interferir e prejudicar ainda mais o fígado.

A Fundação de Medicina Tropical, no bairro Dom Pedro, zona centro-oeste de Manaus, é um dos locais de referência para diagnóstico e tratamento das hepatites virais (Foto: Mayana Lopes)

Identificação das Hepatites

HEPATITE A

A hepatite A é uma doença contagiosa, causada pelo vírus A (VHA) e também conhecida como “hepatite infecciosa”.

Transmissão: Fecal-oral, por contato entre indivíduos ou por meio de água ou alimentos contaminados pelo vírus.

Sintomas: Geralmente, não apresenta. Porém, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando surgem, costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção.

Diagnóstico: É realizado por exame de sangue. Após a confirmação, o profissional de saúde indicará o tratamento mais adequado. A doença é totalmente curável quando o portador segue corretamente as recomendações médicas.

Como se prevenir: Melhorar as condições de higiene e de saneamento básico, lavar sempre as mãos, consumir apenas água tratada, evitar contato com valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto a céu aberto.

HEPATITE B

A hepatite do tipo B é uma doença infecciosa também chamada de soro-homóloga, causada pelo vírus B (HBV).

Transmissão: Como o VHB está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível.

Sintomas: A maioria dos casos de hepatite B não apresenta sintomas. Mas os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Esses sinais costumam aparecer de um a seis meses após a infecção.

Diagnóstico: É feito por meio de exame de sangue específico.

Como se prevenir: Usar camisinha em todas as relações sexuais e não compartilhar objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, confecção de tatuagem e colocação de piercings.

HEPATITE C

A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV), já tendo sido chamada de “hepatite não A não B”. O vírus C, assim como o vírus causador da hepatite B, está presente no sangue.

Transmissão: Compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, entre outros), higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou para confecção de tatuagem e colocação de piercings; de mãe infectada para o filho durante a gravidez; sexo sem camisinha com uma pessoa infectada.

Sintomas: O surgimento de sintomas em pessoas com hepatite C aguda é muito raro. Entretanto, os que mais aparecem são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. Quando a infecção pelo HCV persiste por mais de seis meses, o que é comum em até 80% dos casos, caracteriza-se a evolução para a forma crônica.

Diagnóstico: Depende do tipo do vírus (genótipo) e do comprometimento do fígado (fibrose). Para isso, é necessária a realização de exames específicos, como biópsia hepática nos pacientes sem evidências clínicas de cirrose e exames de biologia molecular.

Como se prevenir: Não compartilhar com outras pessoas nada que possa ter entrado em contato com sangue, como seringas, agulhas e objetos cortantes. Entre as vulnerabilidades individuais e sociais, devem ser considerados o uso de álcool e outras drogas e a falta de acesso à informação e aos insumos de prevenção como preservativos, cachimbos, seringas e agulhas descartáveis.

HEPATITE D

A hepatite D, também chamada de Delta, é causada pelo vírus D (VHD). Mas esse vírus depende da presença do vírus do tipo B para infectar uma pessoa.

Transmissão: Assim como a do vírus B, ocorre por relações sexuais sem camisinha com uma pessoa infectada; de mãe infectada para o filho durante a gestação, o parto ou a amamentação; compartilhamento de material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos, etc), de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) ou de confecção de tatuagem e colocação de piercings;

Sintomas: Da mesma forma que as outras hepatites, a do tipo D pode não apresentar sintomas ou sinais discretos da doença. Os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

Diagnóstico: A gravidade da doença depende do momento da infecção pelo vírus D. Pode ocorrer ao mesmo tempo em que a contaminação pelo vírus B ou atacar portadores de hepatite B crônica (quando a infecção persiste por mais de seis meses). Na infecção simultânea dos vírus D e B, na maioria das vezes, manifesta-se da mesma forma que hepatite aguda B. Já na infecção pelo vírus D em portadores do vírus B, o fígado pode sofrer danos severos, como cirrose ou até mesmo formas fulminantes de hepatite.

Como se prevenir: Como a hepatite D depende da presença do vírus B para se reproduzir, as formas de evitá-la são as mesmas do tipo B da doença.

Fonte: Ministério da Saúde

Foto principal: Altemar Alcântara/Semcom/Fotos Públicas

Adesivo para tratamento de Alzheimer chega a pacientes do SUS

O Ministério da Saúde assinou o primeiro contrato para a compra de rivastigmina, adesivo transdérmico para o tratamento do Alzheimer, uma das dez doenças que mais causam mortes no Brasil. A disponibilização a pacientes do sistema público será feita nas apresentações de 5 e 10 centímetros.

Trata-se de tratamento para Alzheimer em formato de adesivo. Com mecanismo de ação transdérmica, libera a medicação no organismo ao longo do dia e, por não ter absorção no estômago, gera menos efeitos colaterais para o sistema digestivo.

Este adesivo proporciona maior praticidade ao cuidador, por conta da facilidade de manuseio e da garantia de que o paciente realmente recebeu a dose diária correta. Isso porque, por se tratar de uma doença que incide principalmente em idosos, os comprimidos, muitas vezes, são perdidos antes de serem levados à boca ou não são engolidos pelo paciente.

Impacto da doença

No mundo, estima-se que 47 milhões de pessoas sofram de demência e, a cada ano, cerca de 10 milhões de novos casos são registrados. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a DA é responsável por 60% a 70% dos casos de demência, representando perda de qualidade de vida para os pacientes e familiares.

No Brasil, a doença impacta a vida de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas. E a tendência é de que o cenário seja ainda mais desafiador. Isso porque, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa no país deve triplicar até 2050, acarretando o aumento de casos de Alzheimer.

Causas e sintomas

Segundo a OMS, apesar de ser uma doença que incide principalmente sobre pessoas idosas, o aparecimento de sintomas antes dos 65 anos de idade representa cerca de 9% dos casos. A doença está associada ao aparecimento anormal de placas senis no cérebro, decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide. Além disso, está relacionada a emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau.

No início, os sinais da doença podem ser sutis, mas são agravados com o tempo. Entre os principais sintomas estão a dificuldade de memória (especialmente de acontecimentos recentes), discurso vago durante as conversações, demora em atividades rotineiras, esquecimento de pessoas e lugares conhecidos, deterioração de competências sociais e imprevisibilidade emocional.

Tratamento precoce

A Doença de Alzheimer não possui cura. No entanto, se diagnosticada no início, o tratamento adequado ajuda a impedir o avanço da doença e amenizar seus sintomas, proporcionando melhor qualidade de vida ao paciente. Além disso, atividades cognitivas, sociais e físicas beneficiam a manutenção de habilidades mentais e favorecem sua funcionalidade.

No Brasil, algumas associações ajudam no suporte a pacientes, familiares e cuidadores, como a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), a Associação Maior Apoio ao Doente de Alzheimer (Amada), o Instituto Alzheimer Brasil e a Associação de Parentes e Amigos de Pessoas com Alzheimer (Apaz).

De acordo com a Constituição Federal, o sistema público de saúde deve fornecer o acesso gratuito ao tratamento completo para a doença, envolvendo a medicação indicada. Para isso, o paciente deverá procurar seu médico para orientá-lo no processo de obtenção do medicamento. De acordo com o Protocolo Clínico de Diretriz de Tratamento (PCDT) do Ministério da Saúde, geriatras, neurologistas, psiquiatras ou qualquer médico especialista no tratamento de demências podem prescrever medicações para o tratamento de Alzheimer.

 

Imagem: Instituto Buchman/Reprodução