Tecnologia embarcada em drone agrícola vai detectar doenças na lavoura

Utilizar o drone como ferramenta agrícola já é uma realidade que melhora a produtividade no campo. Mas agora, a empresa Horus Aeronaves e Basf, em parceria com a EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial) e o Sebrae, avança e cria uma tecnologia que amplia e melhora seu desempenho. Trata-se de um software para drone de monitoramento agrícola que detecta os locais de maior infestação de pragas e vegetação doente no cultivo de soja.

O projeto foi desenvolvido pela Fundação CERTI, Unidade EMBRAPII, e reúne dados captados por câmeras especiais instaladas no drone. Com as informações e imagens obtidas, é possível identificar com exatidão os locais infestados por pragas, plantas invasoras, doenças ou deficiência nutricional.

Em geral, o processo convencional no combate a ervas daninhas na cultura de soja é baseado na verificação periódica do plantio e algumas medidas acabam sendo adotadas tardiamente. O software agilizará este processo permitindo um monitoramento preventivo e de maior abrangência através das análises de campo. Além disso, identificado o problema na lavoura, não mais será necessária a utilização de herbicidas nas áreas saudáveis.

“A tecnologia possibilitará estimar linhas e falhas de plantio e identificar ervas daninhas, aumentando em até 20% a produtividade. Será possível também integrar os dados obtidos com os drones aos maquinários agrícolas para aplicação de insumos, gerando uma economia de até 50%”, diz o CEO da Hórus, Fabrício Hertz. De acordo com Laercio Aniceto Silva, superintendente de Negócios da CERTI, o modelo EMBRAPII traz um importante ganho no desenvolvimento da indústria. “O financiamento não reembolsável viabiliza que uma empresa de pequeno porte como a Horus possa contratar projetos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) com a CERTI e ainda envolver a BASF, interessada nos impactos que esta solução trará para os produtores em campo”, diz.

EMBRAPII e Sebrae

Este e diversos outros projetos são resultados de uma parceria entre EMBRAPII e Sebrae que firmaram recentemente novo contrato que pode alavancar até R$100 milhões em investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) em projetos de startups, micro e pequenas empresas. O objetivo é financiar ideias inovadoras de pequenos empreendedores buscando potencializar a competitividade de suas empresas no mercado.

No modelo convencional da EMBRAPII são financiados até 1/3 do valor dos projetos inovadores da indústria brasileira com recursos não reembolsáveis, além de colocar à disposição para seu desenvolvimento as Unidades EMBRAPII, renomados centros de pesquisa credenciados pela instituição. No modelo específico que inclui o Sebrae, os empreendedores recebem o complemento de suas contrapartidas financeiras nos projetos compartilhando os riscos e contribuindo para sua viabilização.

Foto: Divulgação

Solo da Amazônia guarda nitrogênio aplicado como fertilizante, mostra pesquisa publicada na ‘Nature’

Um grupo de cientistas descobriu que boa parte do nitrogênio aplicado como fertilizante em plantações de soja e milho na Amazônia fica guardada até seis metros abaixo do solo – mas até quando ainda não se sabe. O estudo, publicado no início de outubro no site Scientific Reports, da revista britânica “Nature”, traz mais informações sobre o que significa intensificar a agricultura na região.

Os pesquisadores, liderados por KathiJo Jankowski, da Agência de Pesquisa Geológica dos Estados Unidos, analisaram o que acontece com o fertilizante aplicado em plantios na Fazenda Tanguro, em Mato Grosso, onde o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) coordena trabalhos científicos em ecologia.

Quando até 80 quilos de nitrogênio por hectare são aplicados em plantações de milho, a planta absorve o fertilizante quase totalmente. Quando a quantidade é maior do que isso – 120, 160 e até 200 quilos de nitrogênio por hectare -, a produtividade não sobe e o excedente fica estocado.

A intensificação da agricultura é uma forma de evitar o desmatamento de novas áreas para a produção. Porém, seus impactos ambientais ainda são pouco entendidos, entre eles os decorrentes do uso de mais fertilizantes. O estudo agora publicado traz um pouco mais de conhecimento sobre esse tema.

Os cientistas receiam que, quando o solo saturar, esse nitrogênio atinja os corpos d’água da Amazônia, com consequências ainda desconhecidas para a biodiversidade e o clima.

A preocupação tem razão de ser: nos Estados Unidos, por exemplo, o uso excessivo de fertilizantes na bacia do Mississipi derrubou a qualidade da água nessa região e criou uma zona morta onde o rio desagua, no Golfo do México, que no ano passado atingiu mais de 22 mil quilômetros quadrados – a concentração de nitrogênio e fósforo é tão alta e a taxa de oxigênio, tão baixa que a vida marinha é inviável ali.

Jankowski explica que há diferenças entre a situação americana e a brasileira, como a forma e a quantidade de nitrogênio aplicado na agricultura, assim como o tipo de solo. Contudo, há semelhanças suficientes entre ambos os casos para levantar uma bandeira de atenção, além de um fator determinante para manter a análise constante da situação: o ineditismo de uma prática sendo aplicada num ritmo alto e de forma extensiva por uma região muito grande.

“A conversão (da vegetação nativa) para soja e milho fertilizados com nitrogênio é muito mais recente na Amazônia e no Cerrado do que na bacia do Mississipi. A área de cultivo casado de soja e milho cresceu mais de dez vezes em Mato Grosso desde 2001”, diz Jankowski.

O tipo de solo onde o estudo foi feito, e que funcionou como uma “esponja” para o nitrogênio, é o latosolo intemperizado, formado em locais quentes e úmidos. Ele é o mais comum na transição entre Cerrado e Amazônia, onde a agricultura tem se intensificado nos últimos anos. Em 2015, cerca de 2,3 milhões de hectares da soja da região (ou 68% do total cultivado) e 4,9 milhões do cultivo casado de soja e milho (80% do total) estão nesse tipo de solo.

O pesquisador Christopher Neill, do Centro de Pesquisa Woods Hole, que também participou do estudo, reforça que a maior parte da monocultura da Amazônia tem se expandido sobre um tipo de solo que, até agora, impediu que o excesso de nitrogênio se movesse para rios e córregos. Mas isso não significa passe livre para o uso indiscriminado de fertilizantes.

“Esse sistema de cultivo tem menos de 20 anos na região, e não conhecemos ainda qual é a capacidade de proteção do solo, quanto tempo dura essa proteção ou que acontece se o índice de nitrogênio acumulado for maior do que a capacidade de retenção”, diz o cientista. “Esses resultados sugerem que é possível usar algum grau de fertilizantes na Amazônia, mas essas são as perguntas críticas que determinarão a sustentabilidade ambiental de um modelo mais intensivo de agricultura na região.”

No caso de a quantidade de nitrogênio exceder a capacidade de retenção do solo, a manutenção de matas ciliares é apontado pelos cientistas como fundamental para reduzir o risco de contaminação de rios e córregos. A vegetação, no caso, pode servir como filtro.

Impacto climático

Outro fator ambiental que também preocupa os cientistas é a emissão de óxido nitroso (N2O), um gás com um potencial 300 vezes maior de piorar o efeito estufa do que o gás carbônico, associado ao uso do fertilizante.

Pela medição dos cientistas, apenas 0,23% da quantidade aplicada normalmente vira N2O, uma taxa muito menor do que a observada globalmente. “A grande maioria do fertilizante é consumida pelo milho, que deixa pouco para ser emitido como N2O”, conta Jankowski.

A preocupação vem da escala da produção: extrapolando a medição, o uso do fertilizante nessa região pode equivaler de 8,8% a 14,7% das emissões diretas de N2O no Brasil.

Foto: reprodução

Inpa abre inscrição de processo seletivo de sete cursos de mestrado com 104 vagas disponíveis

A Pós-Graduação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) abriu inscrição para a seleção de sete cursos de Mestrado. Ao todo estão disponíveis 104 vagas. Os interessados devem ser acessar os editais para saber os detalhes dos certames. O ingresso será no ano letivo de 2019.

Até 28 de setembro estarão abertas as inscrições para os cursos de Agricultura nos Trópicos Úmidos (PPG-ATU), Biologia de Água Doce e Pesca Interior (PPG-BADPI), Clima e Ambiente (PPG-Cliamb / programa em associação com a Universidade do Estado do Amazonas /UEA), Ecologia (PPG-ECO) e Entomologia (PPG-ENT). A turma terá início em março de 2019.

As inscrições para o processo seletivo para os cursos de Botânica (PPG-BOT) e Ciências de Florestas Tropicais (PPG-CFT) começam nesta segunda-feira (23 de julho) e seguem até a mesma data dos outros editais (28 de setembro). O Programa de Pós-Graduação em Genética, Conservação e Biologia Evolutiva (PPG-GCBEv) abrirá inscrições em data ainda indefinida.

O Instituto possui nove programas de pós-graduação, em níveis de mestrado e doutorado. O de Ecologia é o único do Amazonas com nota de avaliação da Capes de nível 6, considerado internacional. Além dos cursos citados – todos acadêmicos – tem o Mestrado Profissionalizante em Gestão de Áreas Protegidas da Amazônia (MPGAP). Um décimo curso é o de Aquicultura, mas este é da Universidade Nilton Lins em parceria com o Inpa.

Os editais podem ser acessados na página da Pós-Graduação do Inpa, clicando no item editais e documentos.

Editais e Vagas por Programa:

· PPG-ATU (edital 11/2018) – 14 vagas

· PPG-BADPI (edital 12/2018) – 11 vagas

· PPG-CLIAMB (Edital 13/2018) – 10 vagas

· PPG-ECO (Edital 14/2018) – 23 vagas

· PPG-ENT (Edital 15/2018) – 14 vagas

· PPG-BOT (Edital 16/2018) – 12 vagas

· PPG-CFT (Edital 17/2018) – 20 vagas

 

Foto: Reprodução da internet

Fórum mundial discutirá em Brasília uso sustentável do fósforo

O uso adequado do fósforo na agricultura estará no centro dos debates científicos entre os dias 20 e 22 de agosto, em Brasília (DF), durante o 6º Encontro Sustentável do Fósforo (SPS2018), fórum de âmbito mundial. A Embrapa é uma das organizadoras dessa edição do evento, que acontece pela primeira vez no hemisfério sul e cujas inscrições continuam abertas.

Um recente estudo publicado por pesquisadores da Embrapa Solos (RJ) e de outras instituições brasileiras revelou que quase metade do fósforo aplicado na agricultura em forma de fertilizante inorgânico nos últimos 50 anos no Brasil continua fixada no solo. Esse legado, que representa 22,8 milhões de toneladas do insumo ainda na terra, avaliados hoje em mais de U$ 40 bilhões, pode ajudar o Brasil a se precaver contra uma possível escassez futura do nutriente ou variações no preço. Em 2008, por exemplo, o valor de mercado da rocha de fosfato aumentou 800% em um período de 18 meses.

“Pretendemos mostrar um cenário mais realista do uso do fósforo no Brasil para o mundo”, revela Vinicius Benites, chefe-adjunto de P&D da Embrapa Solos. O SPS 2018 também discutirá os cenários na Ásia, África e Pacífico, com enfoque nos desafios e oportunidades dessas regiões.

Entre os palestrantes já confirmados estão Tom Bruulsema, do International Plant Nutrition Institute (IPNI), no Canadá; Per-Erik Mellander, do Johnstown Castle Environmental Research Centre (Teagasc), na Irlanda; e Dana Cordell, do Institute for Sustainable Futures (UTS), da Austrália.

Os encontros para discutir o uso sustentável do fósforo começaram em 2010, na Suécia. Os demais fóruns foram realizados nos Estados Unidos (2011), na Austrália (2012), na França (2014) e na China (2016). A edição brasileira reunirá várias lideranças da ciência, indústria e política, buscando identificar ações a respeito da disponibilidade e acessibilidade do nutriente na segurança alimentar e agricultura, protegendo o meio ambiente e apoiando a vida urbana e no campo.

Foto: Reprodução internet