Amazônia inspira Mastercard em vivência gastronômica e sensorial no Espaço Priceless

Saberes compartilhados pelas chefs Clarinda Ramos, indígena do povo Sateré-Mawé, da Casa de Comida Indígena Biatüwi (Manaus) e Débora Shornik dos restaurantes Caxiri (Manaus) e Camu-Camu (Novo Airão), com novo menu assinado por Onildo Rocha, além de obras da artista visual indígena do povo Tukano, Duhigó, representada pela Manaus Amazônia Galeria de Arte, são as atrações do Espaço Priceless, composto pelo Notiê Restaurante e Abaru Bar e Restaurante, localizado no rooftop do Shopping Light, agora faz reverência à Amazônia.

O Espaço da Mastercard, no centro da capital paulista, propõe experiências multissensoriais ligadas à cultura e tecnologia, pensadas a partir de expedições e pesquisas em estados da Amazônia.

Para encantar os cinco sentidos, Notiê Restaurante e o Abaru Bar e Restaurante lançam menu, bebidas e websérie inspirados na região, com novo cardápio de Onildo Rocha e ambientação concebidos junto a chefs e artistas da Amazônia (Foto: Divulgação/Gilberto Bronko)

Durante os últimos meses, a equipe de embaixadores do Espaço Priceless – formada pelo chef Onildo Rocha, Junior Bottura, especialista em cervejas, Ale D’Agostiem no, mixologista, e Boram Um, barista – realizou viagens até os estados do Amazonas, Pará e Rondônia para estudar a culinária e a cultura da região amazônica.

“As expedições têm um papel muito importante. É a partir delas que aprofundamos nosso contato com o lugar, descobrimos novos ingredientes, a forma de usá-los e seu valor. Para onde se olha existe vida, cores, texturas e sabores. Porém, o mais importante é estar com os pequenos produtores, chefs, cozinheiros e com a comunidade da região, para conhecer, respeitar e nos encantar ainda mais com as histórias e saberes de quem estaremos representando, o que traz uma verdade singular para essa nova fase do Priceless”, comenta Rocha.

A vice-presidente de Marketing e Comunicação da Mastercard Brasil, Sarah Buchwitz, ressalta que a Mastercard é uma aliada atuante da proteção e da regeneração da Amazônia já há algum tempo.

“Fundamos a plataforma Coalizão Planeta Priceless, que une os esforços de comerciantes, bancos, cidades e consumidores para agir sobre a crise climática. Nos orgulha muito poder representar a Amazônia e as mulheres amazônicas no Espaço Priceless, além de termos a chance de ajudar a provocar reflexões importantíssimas sobre esse bioma essencial ao nosso planeta”, declara.

O local aborda a cultura brasileira de forma multissensorial e é aberto ao público em geral, todos os dias. Ali, é possível encontrar amantes da alta gastronomia, pessoas que apreciam ambientes mais casuais e até mesmo quem só deseja observar São Paulo do alto de um dos prédios mais icônicos da região central. “Isso vai totalmente ao encontro de nossa essência, que é proporcionar momentos que não têm preço às pessoas, todos os dias”, acrescenta Buchwitz.

Nesse novo momento, o restaurante Notiê, que compõe o Espaço e é focado em alta gastronomia, apresenta os tradicionais menus degustação de 5 tempos, com a mandioca como principal ingrediente, o de 10 tempos, um menu autoral que contará a história dos povos amazônicos nacionais e trará referências da Amazônia boliviana, colombiana, equatoriana e peruana, e pratos à la carte – mais uma novidade que chega junto com a nova temporada.

A artista Duhigó com o Chef Onildo Rocha e com as chefs do Amazonas Clarinda Ramos e Débora Shornika e a cenógrafa Patrícia Sobral

E o Abaru, bar e restaurante, com uma proposta mais descontraída para o dia a dia, manterá alguns dos pratos da temporada Sertões, além de incluir receitas inspiradas na Amazônia. Todos os ingredientes da região amazônica são de procedência conhecida e selecionados desde o plantio.

Além das novidades gastronômicas, o Espaço também apresenta nova carta de drinks elaborados por Ale D’Agostino, um café escolhido por Boram Um e uma cerveja colaborativa pensada pelos chefs, Onildo, Clarinda e Débora e pelo especialista em cervejas, Junior Bottura, todos inspirados em ingredientes amazônicos.

Arte visual

Para encher os olhos dos clientes, a identidade visual e as peças gráficas para a temporada foram especialmente desenvolvidas pela Greco Design, com ilustrações do artista Carmelio.

Quem passar pelo Notiê poderá contemplar no teto o novo painel da temporada, intitulado “A Mitologia de Duhigó, a Mulher que Sonha”, representando a essência Amazônica. O painel é composto por obras de arte do acervo da artista e de originais produzidas especialmente para a composição. Duhigó é a primeira artista visual indígena do Amazonas a fazer parte do acervo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). A composição e seleção das obras foi feita pela cenógrafa Patricia Sobral.

Websérie

Para conectar os consumidores do Priceless às transformações no ambiente e no cardápio, a Mastercard também lançará, em breve, nas redes sociais das marcas, uma nova websérie, agora sobre a Amazônia, apresentando detalhes da expedição e das histórias que inspiraram os embaixadores.

“Desde o início do projeto, nosso sonho foi poder representar a brasilidade de uma maneira imersiva, conectando os biomas e as histórias das pessoas. Foi daí que surgiu a ideia de sempre renovar o menu e o espaço, oferecendo experiências que encantem os cinco sentidos de nossos clientes, todos os dias”, explica Edemilson Morais, sócio-diretor da Bem São Paulo e um dos responsáveis pelo projeto.

Clientes Mastercard Platinum e Black têm 10% de desconto e isenção de rolha nos restaurantes do Espaço Priceless. Além disso, todos os portadores de cartão Mastercard poderão participar de experiências exclusivas de gastronomia, arte, música e esportes por meio da plataforma global Priceless.

Serviço
Espaço Priceless Mastercard – Notiê Restaurante e Abaru Bar e Restaurante – Nova Temporada Amazônia
Endereço: Rooftop do Shopping Light (acesso pelo estacionamento do shopping no subsolo) – R. Formosa, 157 – Centro, São Paulo.

Horário de Funcionamento:
Abaru Bar e Restaurante – (possui um Terraço sempre aberto – a depender das condições climáticas) – funciona no almoço, café da tarde e bar à noite.
De segunda-feira à quinta-feira, do meio-dia às 23h. Às sextas e sábados do meio-dia à meia-noite. Aos domingos do meio-dia às 16 horas. Capacidade – 120 pessoas (área externa e interna)
Notiê Restaurante – aberto para o jantar
De terça-feira a sábado das 19h às 23h. Capacidade – 50 pessoas.
Menu degustação e pratos à la carte.

Formas de pagamento: dinheiro e todos os cartões de crédito e débito.
Clientes Mastercard Black e Platinum têm 10% de desconto e isenção de rolha.
Reserva não é obrigatória, mas pode ser feita pelo site.
Telefone: (11) 2853-0373
Whatsapp bussiness (11) 2853-0373

Fotos: Divulgação/Gilberto Bronko e Divulgação/Manaus Amazônia Galeria de Arte

FAO discute o papel das florestas na garantia de produção e consumo sustentáveis

Neste Dia Internacional das Florestas 2022 – 21 de março, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), juntamente com a União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO) e o Congresso Mundial da IUFRO 2024|Universidade Sueca de Ciências Agrárias (SLU), realizam um painel de discussão de alto nível para celebrar a data mundial sob o tema “Inspire para o futuro: o​​ papel das florestas na garantia de produção e consumo sustentáveis”. 

O evento acontece nesta segunda-feira (21/03), das 8h às 11h (Hora de Brasília), on-line e no Pavilhão Sueco, The Forest, na Expo 2020, em Dubai, com tradução será fornecida em árabe, chinês, inglês, francês, espanhol e russo. A inscrições podem ser feitas no aqui.

Atualmente, o mundo enfrenta desafios sem precedentes, sendo as mudanças climáticas uma das mais prementes de todas. Esses desafios ameaçam o bem-estar das pessoas e da natureza e exigem ação imediata para desenvolver soluções inovadoras e criativas, que coloquem o mundo no caminho da paz e da prosperidade em um planeta saudável.  

Neste evento, serão discutidas como as inovações de base florestal, eficiência de recursos, produtos de base florestal e serviços ecossistêmicos podem contribuir para um estilo de vida sustentável e acelerar uma mudança para um consumo e produção mais sustentáveis. Esses esforços ajudam a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, saúde, bem-estar e uma transição para economias verdes e de baixo carbono. 

Segurança alimentar

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) é uma agência especializada das Nações Unidas que lidera os esforços internacionais para derrotar a fome. Nosso objetivo é alcançar a segurança alimentar para todos e garantir que as pessoas tenham acesso regular a alimentos de alta qualidade suficientes para levar uma vida ativa e saudável. 

O Programa Florestal da FAO supervisiona mais de 230 projetos em 82 países, com um orçamento total disponível de US$ 246 milhões (a partir de 2019). A FAO é orientada em seu trabalho técnico florestal pelo Comitê Florestal (COFO) e seis comissões florestais regionais.

Desenvolvimento Sustentável

A União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO) é uma organização mundial dedicada à pesquisa florestal e ciências relacionadas. Seus membros são instituições de pesquisa, universidades e cientistas individuais, bem como autoridades decisórias e outras partes interessadas com foco em florestas e árvores. A IUFRO visa contribuir para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas.  

Congresso Mundial da IUFRO 2024|SLU

A Universidade Sueca de Ciências Agrárias (SLU) é uma agência governamental e universidade internacional de classe mundial com pesquisa, educação e avaliação ambiental dentro das ciências para a vida sustentável. A SLU realiza educação, pesquisa e monitoramento e avaliação ambiental em colaboração com a sociedade em geral. A SLU é a organização anfitriã da Suécia do Congresso Mundial da IUFRO 2024, de 23 a 29 de junho em Estocolmo, em colaboração com a IUFRO e os países parceiros nórdicos e bálticos.  

Alimentos contaminados podem causar doenças diarreicas e levar a quadros de desidratação

Os cuidados na higienização, preparo e armazenamento dos alimentos, são essenciais para evitar doenças como as diarreicas, giardíase, verminoses, leptospirose e algumas infecções causadas por bactérias e suas toxinas, vírus e outros parasitas, por exemplo. Causadas pela ingestão de alimentos contaminados, as Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA) somam mais de 250 tipos no mundo, apontam dados do Ministério da Saúde (MS). Entre as consequências das alterações, estão a desidratação, perda de peso e, em casos mais extremos, podem resultar em óbitos, se não tratadas adequadamente.

O nutricionista da Associação Segeam (Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas), David Reis, explica que, entre os cuidados indicados, estão: lavar bem os alimentos em água; lavar as mãos regularmente; não manusear alimentos após tocar em animais; não tocar nos alimentos após ter contato com fraldas, banheiro e objetos sujos; selecionar alimentos frescos com boa aparência e, se possível, utilizar uma solução com uma colher de sopa de hipoclorito de sódio (2,5%) ou água sanitária sem soda cáustica (2,0 a 2,5%) para cada litro de água e proceder a imersão, por 15 minutos, lavando em seguida, novamente em água corrente.

O profissional destaca que alguns alimentos requerem cuidados especiais. É o caso dos ovos, que devem ser lavados apenas na hora do consumo. “Desinfetar os utensílios de cozinha antes de usar, proteger os alimentos prontos para consumo (armazenando adequadamente) e evitar o consumo de alimentos que ficaram muito tempo em temperatura ambiente, também fazem parte das boas práticas, assim como, o reaquecimento de alimentos congelados ou refrigerados antes de ingeri-los”, explicou. “Com relação aos alimentos congelados ou refrigerados, é importante que verificar se estão bons para o consumo e se foram armazenados em temperaturas adequadas (refrigeração de 2 a 10 graus e congelamento de -12 a -18 graus), para descartar o crescimento de patógenos”, explicou. Os patógenos são organismos que são capazes de causar doenças em um hospedeiro. 

Outra dica importante é criar o hábito de verificar o prazo de validade, no caso de alimentos industrializados, além de observar, no ato da compra, as condições físicas e de acondicionamento. Evitar consumir alimentos crus ou mal passados, também é uma maneira de prevenção. As infecções podem ser causadas, ainda, pelo consumo de água contaminada. Por isso, explica David Reis, filtrar ou ferver a água antes de consumir é o ideal.

A principal causa das DTA no Brasil, são bactérias como  Salmonella, Escherichia coli e Staphylococcus. O que não descarta a possibilidade de infecções geradas por vírus e substâncias químicas. Por isso, em caso de sintomas como vômitos, diarréias, náuseas, febre, falta de apetite e dores abdominais, o ideal é buscar ajuda médica.

Foto: Divulgação

Aprendendo a cozinhar em francês na Le Cordon Bleu

Por Lenise Ipiranga

Ana Claudia Leocádio, natural do Amazonas, nascida na capital Manaus, com infância vivida no município de Alvarães, jornalista graduada pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), casada com o diplomata Roberto Alfaia, residente em Brasília (DF) quando está no Brasil, levava 20 minutos de metrô de sua casa no 7º Distrito (7º arrondissement) até a escola de culinária Le Cordon Bleu, que fica no 15º Distrito, em Paris. Após nove meses de curso e mais outros três de estágio na própria escola, recebeu seu Diploma de Cozinha – Le Cordon Bleu de Diplôme de Cuisine –, e agora está como estagiária na equipe do Restaurant Guy Savoy, em Paris, um três estrelas Michelin e há quatro anos seguidos considerado o melhor restaurante do mundo pela revista francesa La Liste, da alta gastronomia mundial.

De uma sólida carreira de jornalista em Manaus, na Amazônia, até a nova profissão certificada em Paris, na Europa, a jornada de Ana Claudia Leocádio pelo mundo tem sido enriquecida por diversas conexões com pessoas, comidas, culturas, cidades e países. As voltas ao mundo começaram por conta de sua união, desde a faculdade, com Roberto Alfaia, também amazonense, diplomata brasileiro. Em 2009, selaram a união e Ana Claudia saiu de Manaus para morar em Brasília. A primeira viagem foi em 2011, para a Turquia. “Foram três anos e meio maravilhosos. O país é pura história e cultura. Foi na Turquia que esse dom culinário aflorou em mim”, relembra Ana Claudia.

A jornalista, que trabalhou em assessorias e redações de jornais, como o Jornal do Commercio, Gazeta Mercantil e Diário do Amazonas, conta que mesmo trabalhando muito, ainda em Manaus, sempre reunia amigos e cozinhava em casa. Mas foi na Turquia que Ana Claudia se sentiu motivada a conhecer o mundo da culinária. “Eu adorava experimentar as delícias da cozinha turca. E também queria aprender a cozinhar coisas diferentes para reunir amigos e conhecidos do meio diplomático em nossa casa. Foi muito prazerosa essa descoberta”, reconhece. E confessa que quando viajava para Manaus, voltava com a bagagem cheia de comida – farinha, pirarucu, jambu cozido, tucupi – “essas iguarias que nos dão muita saudade quando estamos longe. E sempre queria mostrar um pouquinho do Amazonas em nossa mesa”.

Nas lembranças da Turquia, Ana Claudia destaca o gosto pelo skender kebab – um assado de cordeiro, servido com molho de tomate e iogurte artesanal –; e pela delícia de Gozleme – um tipo de panqueca super tradicional, que pode ser recheada com um queijo parecido com o Feta. E completa que o bom da mesa turca “são os mézes (refeição ligeira), uma seleção de pequenas porções de petiscos que enchem a mesa para todos compartilharem. Algo bem acolhedor”.

De volta à Brasília, o casal ficou na capital federal de julho de 2014 a dezembro de 2016 e depois seguiu para Abuja, na Nigéria, país berço do que hoje no Brasil é conhecido como candomblé, explica Ana Claudia. “O país tem mais de 250 grupos étnicos, com três etnias dominantes: hauçás, yorubás e igbos”, detalha, para chegar ao ponto da referência culinária. “E uma das características marcantes da comida é a pimenta. Tudo muito apimentado”, conta a cozinheira graduada sobre a descoberta posterior sobre a cozinha yorubá.

E Ana Claudia destaca o uso do azeite de dendê, o peixe seco e uma papa chamada fufu para acompanhar. “Eu amava comer moimoi, que é o abará baiano (bolinho de feijão fradinho moído cozido em banho-maria embrulhado em folha de bananeira). Lá eles comem o acará (bolinho de feijão fradinho, frito no azeite de dendê) como acompanhamento, não como comemos o acarajé no Brasil, pois acarajé para eles quer dizer mais ou menos ‘eu quero acará’”, relembra Ana Claudia de suas preferências culinárias na Nigéria.

Após dois anos no continente africano, sempre guiado pelo trabalho diplomático, o casal seguiu para a Embaixada do Brasil na França, em Paris, em junho de 2018, para um período de três anos. Em suas viagens gastronômicas, ao chegar à França, Ana Claudia conferiu como a cozinha francesa é muito diversa, na qual se aproveita tudo dos animais que servem para alimentação. E reconhece que é muito difícil dizer qual o prato de sua preferência, por gostar de praticamente tudo, com exceção da receita com rim que não curtiu muito – um prato típico do Sudoeste francês. “Uma coisa que me atrai muito são os molhos, porque são eles que fazem a diferença nos pratos”, ressalta. Segundo a cozinheira, uma característica que percebeu é de que para os franceses o ideal é sentir o real sabor dos ingredientes, sem muito exagero de temperos. E relembra que conheceu um chef que dizia detestar comida condimentada por gostar de saber o que estava comendo. E Ana Claudia aponta algumas preferências: “um prato que gosto muito é bochechas de vitela (joues de veau); e também gosto muito de pato confitado (confit de canard). As bochechas de vitela são cozidas em fogo baixo por horas e quando comemos derrete na boca”, enfatiza.

Ao chegar na França, Ana Claudia tratou de se ambientar com a paisagem da região onde mora, com a esplanada e museu dos Inválidos (Esplanade des Invalides); com a gastronomia local, representada por um dos restaurantes populares mais antigos e tradicionais de Paris, o Bouillon  Chartier; e com visitas a pontos como o conjunto monumental de Mont Saint-Michel, na Normandia

Le Cordon Bleu

Antes mesmo de mudar para a Nigéria e depois se/guir para a França, ainda quando estava em Brasília, em 2015, após a Turquia, Ana Claudia resolveu entrar num curso tecnólogo em Gastronomia, no Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB), entre os cinco melhores do país na época, segundo o MEC (Ministério da Educação). “Foi uma escolha acertada. O curso abriu minha mente para coisas que nunca pensaria em relação à cozinha, como: a cadeia produtiva da alimentação; a importância da valorização do produtor; a qualidade”, avalia Ana Claudia, que também fez pós-graduação em Relações Internacionais na Universidade de Brasília (UnB).

E ao chegar à França, em 2018, a jornalista amazonense logo se questionou: “por que não unir o útil ao agradável e estudar na mais renomada escola de cozinha do Mundo?”. Ana Claudia então enviou sua inscrição e esperou a resposta, pois para ser aprovada precisa falar em inglês ou francês. Ela já falava em inglês e decidiu investir um pouco mais no estudo do idioma francês, pois gostaria de estudar culinária na língua original da escola. “E foi muito bom, porque faz uma diferença enorme aprender a cozinhar em francês”, avalia, ao explicar que a maioria dos termos e técnicas são na língua francesa. Ela foi aprovada e entrou no programa de imersão, o qual inclui os nove meses de curso, mais três meses de estágio na própria escola e, em seguida, em um restaurante.

“É Diploma de Cozinha. Esse é o título do diploma”, enfatiza Ana Claudia Leocádio sobre o seu Le Cordon Bleu de Diplôme de Cuisine, conquistado no último mês de setembro, deste ano de 2020 tão diferente. “O fato de você conquistar o diploma de cozinheiro no Le Cordon Bleu não te faz chef de cozinha, você é cozinheiro. É um caminho longo”, ressalta a cozinheira, ao falar que ainda não desenvolveu uma receita própria. “Quem sabe daqui uns anos eu possa criar algo bem bacana. Depois que concluímos o curso parece que se abre um leque de possibilidades, mas temos que focar em praticar, trabalhar e melhorar o nosso fazer na cozinha”, avalia.

Ana Claudia Leocadio cumpriu o programa de imersão na escola de culinária Le Cordon Bleu, onde fez muitas provas práticas e muitas amizades

Somente após estagiar na escola, nas cozinhas de preparação das aulas, na preparação e venda no Café, é que foi possível Ana Claudia Leocádio fazer um estágio em um restaurante. “Tive muita sorte”, comemora, ao contar que enviou seu currículo e foi logo aceita, num mercado de trabalho em que a média de idade dos estagiários é de 22 anos. A jornalista cozinheira, aos 43 anos, explica: “aqui eles começam cedo como aprendizes, aos 16 anos. O sistema é bem regulamentado para recebê-los nas empresas. Mas eu não deixo a peteca cair”.

“Agora estou fazendo um estágio no Restaurant Guy Savoy, em Paris. Está sendo uma experiência maravilhosa. Apesar de trabalhar muito, vale cada hora para aprender como funciona a alta gastronomia, ainda mais em um lugar tão requintado da capital francesa”, confirma Ana Claudia sobre todo o esforço empreendido. O restaurante é de propriedade do chef Guy Savoy, aberto em 1980, que funciona desde 2015 na Casa da Moeda, um palácio de 1775, às margens do rio Sena, e reconhecido por quatro anos seguidos como o melhor do mundo pelo ranking La liste e com três estrelas Michelin, o guia de referência mundial de restaurantes e hotéis, de origem francesa, criado em 1900. A cozinheira destaca sua estrutura, com uma grande brigada de cozinha e o foco no produto de qualidade: “por isso o resultado é tão bom. E o foco é bom produto, boa cocção e tempero correto”.

Entre as melhores lembranças do curso: o robalo  em escamas de batata; a sobremesa de creme de castanha portuguesa com chantilly e a amizade da turma de cozinheiros

Vida Amazônica

Jornalista apaixonada pelo seu ofício, Ana Claudia acredita que seu dom para as artes culinárias tem origem e vivência familiar e amazônica. “Minha mãe Nazira Leocádio é uma grande cozinheira”, destaca Ana Claudia, e acrescenta o fato de ter vivido sua infância no município de Alvarães, no interior do Estado do Amazonas, recebendo toda a influência do modo de vida dos seus avós maternos, Joaquina e Luiz Leocádio. “Desde criança fui acostumada a comer o que vinha da natureza. Na época não tínhamos geladeira, energia elétrica e tínhamos que nos alimentar do que tinha no dia – das pescarias, das caçadas, da roça e da horta da minha avó Joaquina. Foi assim que construí meu paladar”, enaltece suas origens, de onde acredita ter herdado o talento para as artes culinárias.

Durante o curso na Le Cordon Bleu, Ana Claudia conta que lembrava demais das iguarias do Amazonas e imaginava como poderia fazer algo a mais com os nossos ingredientes sem, contudo, perder a identidade de cada um. “Essa é a essência da cozinha francesa, na minha percepção: mesmo super sofisticada e elegante, a cozinha francesa valoriza cada ingrediente produzido no país, seus sabores autênticos, fato que as releituras não desprezam isso”, distingue a cozinheira.

“Meus olhos não saem do Amazonas, de ver o quanto nossa gastronomia é rica e precisa ser levada para o mundo para que possamos valorizá-la mais”, incentiva Ana Claudia. E critica a falta de iniciativas públicas e privadas para a valorização de produtos valiosos do Amazonas e Região Norte mundo afora. E expõe a surpresa e susto quando compra a castanha em Paris: “um quilo custa quase 40 euros. Mas o nosso caboclo ganha quase nada lá na ponta da cadeia produtiva”; e ainda tem o cacau com alto valor no mercado; sem falar do açaí, que Ana Claudia avalia o Estado do Pará estar melhor estruturado para explorar esses nichos de mercado.

Da Amazônia à França, até agora, com alguns sacrifícios e algumas milhas de cultura e conhecimento, Ana Claudia Leocádio conta que nada seria possível sem o incentivo de seu marido, o diplomata Roberto Alfaia

Os produtos derivados da mandioca, principalmente as farinhas ovinha e amarela, são um capítulo à parte, segundo Ana Claudia, os quais precisam urgentemente de apoio para salvar os saberes dos produtores tradicionais, que estão envelhecendo e morrendo. “Quem vai produzir com tamanha qualidade? ”, questiona. A amazonense cita o selo de Indicação Geográfica conquistada pela farinha produzida no município de Uarini, em 2019, o qual começou a embalar para exportação. “Isso é muito bom. Mas nos beiradões do rio Solimões tem muitos lugares que produzem farinhas ótimas, que precisam desse incentivo para que as novas gerações possam desfrutar dessa delícia”, alerta. Tem muita coisa para ser feita nesse sentido, diz Ana Claudia, com reais possibilidades, mas para isso precisa organização, planejamento e compromisso do poder público e da iniciativa privada.

Enquanto não sabe o seu próximo destino, Ana Claudia Leocádio reconhece os benefícios alcançados por acompanhar o marido em sua jornada de trabalho como diplomata: “isso me exigiu alguns sacrifícios, mas por outro lado ganhei umas milhas de cultura e conhecimento, pois comecei a me voltar para os estudos”. E enfatiza o apoio irrestrito de seu marido Roberto Alfaia: “nada disso seria possível sem o incentivo e apoio do meu marido. Costumo dizer que ele é meu fã número um”. A jornalista também não está desempenhando sua profissão, mas reafirma que jornalismo é sua paixão e mesmo parada sua mente é uma fonte inesgotável de pautas. E adianta que não gosta muito de falar de futuro, mas espera que o plantio feito até agora dê bons resultados.