Superação e acupuntura marcam reabilitação do roraimense José Benedito

Quando começou a sentir dores na região das costas, José Benedito Costa, de 61 anos, não imaginava que o destino lhe proporcionaria uma viagem de cerca de 4 mil quilômetros de distância de sua casa. Atravessar o Brasil não estava em seus planos quando as coisas começaram a sair da rotina.

O roraimense de Boa Vista viu sua vida mudar completamente ao receber o diagnóstico de câncer em sua cidade de origem. Não bastasse o medo e a ansiedade natural que a doença lhe trazia, também era preciso largar tudo e ir para o interior de São Paulo, para dar início ao seu tratamento. Mas, até chegar ao diagnóstico final, foi uma longa jornada que ele trilhou ao lado de sua esposa Eliani Amorim, 46, que no mesmo período enfrentava os desafios de um aneurisma que tinha sido detectado em seu cérebro.

José Benedito Costa e Eliani Amorim (Divulgação/HA)

O início de uma nova vida

José conta que sentia muita dor no quadril, especificamente no cóccix, além de sentir dores ao urinar. “O médico disse que eu tinha uma fistula que precisava operar. Ele já havia realizado mais de 1.200 cirurgias, mas algo como o que eu tinha, ele nunca havia visto”. Durante o procedimento da fistula, o profissional constatou que a situação era mais difícil do que ele pensava.

Ao ficar muito tempo sentado enquanto trabalhava, o ex-técnico em finanças sentia muitas dores. “Descobri que tinha uma fistula que era ocasionada pelo câncer, e foi aí que eu ouvi pela primeira vez a palavra ‘cordoma’. Era necessário fazer uma biopsia para saber qual tipo era”, afirmou. Em abril de 2017, José recebeu o diagnóstico de cordoma (lesão maligna da medula espinhal), em Boa Vista. Seu novo desafio era começar o tratamento contra o câncer.

Por meio da ajuda de uma amiga, foi possível a transferência para o Hospital de Amor (HA), em Barretos (SP). “Vim de voo com o auxílio de um jatinho, direto para o CIA (Centro de Intercorrência Ambulatorial)”, lembra. Após refazer os exames no HA, foi constatado que o ‘cordoma’, na verdade, já estava em metástase.

Após 20 meses, nove ciclos de quimioterapia e uma semana de radioterapia (feitos para conter o crescimento da neoplasia), José realizou a cirurgia para retirar o tumor, em abril de 2019. “Cheguei a ficar dez meses deitado, pois eu já não andava mais, algo que os médicos disseram que nunca mais iria acontecer após o procedimento. Quando cheguei em Barretos, o tumor que inicialmente tinha 5 cm, estava com 10,73 cm”, conta.

De acordo com a sua esposa, o oncologista disse que, após operar, o paciente ficaria um mês no hospital para aprender seu novo estilo de vida, já que ele não iria andar novamente. Ela conta, porém, que de forma surpreendente ele ficou apenas um dia na UTI e, depois de três dias, já estava em casa andando com ajuda do andador.

José revela que os médicos ficaram admirados ao vê-lo caminhar. “Acabei surpreendendo a medicina, porque eles também disseram que eu iria usar a bolsinha de colostomia, além de não caminhar. Eu pedi a Deus para me ajudar e ele me ouviu. Cheguei a criar calo nos joelhos de tanto orar e pedir essa graça”. Após sair do hospital, o paciente precisou usar o andador e em seguida a bengala, mas saiu andando, o que era uma grande conquista para ele, mesmo diante das dores.

“Eu perguntei por que eles não colocaram alguma prótese, pois eles tinham removido meu cóccix todo”, relata José ao lembrar como foi seu diálogo com a equipe médica. Os médicos explicaram que não foi feito este procedimento, pois não era esperado que ele voltasse a andar. Com esse cenário, as dores ao dar seus passos não eram esperadas também.

Posteriormente, a equipe de fisiatras do Centro de Reabilitação do HA identificou que em relação à dor não se podia fazer mais pelo paciente, foi quando entrou em cena a Dra. Margareth Lucca, médica anestesiologista, especializada em dor e em medicina tradicional chinesa, que atua no Hospital de Amor há cinco anos. Nascia assim a esperança de aliviar as sequelas deixadas pela cirurgia.

Arte milenar que combate à dor

A terapia milenar chinesa que consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo do paciente, a fim de tratar enfermidades e promover bem-estar e melhorar a qualidade de vida, é conhecida como acupuntura. Este procedimento é realizado pela médica que diariamente atende, em média, 18 pacientes, entre eles, adultos e crianças, no centro de reabilitação do HA. “As pessoas chegam irritadas, desanimadas, tristes, sem esperança e com dor. Ao oferecer um trabalho com muito amor e carinho, algo acontece”, revela a Dra. Margareth.

José Benedito Costa em uma sessão de acupuntura com a Dra. Margareth Lucca (Divulgação/HA)

A especialista que iniciou o projeto ‘FADA’ no ambiente de trabalho, explica o nome da ação: Fazendo o Acolhimento da Dor com Aromaterapia – uma outra prática integrativa já reconhecida pelo SUS. Ou seja, por meio de um spray perfumado, ela consegue aromatizar o local, oferecendo bem-estar aos pacientes assim que chegam ao centro.

“Como o cheirinho chega até o sistema nervoso central, em um lugar chamado límbico, modifica a reação do corpo, traz um relaxamento, alivia a tensão, a pessoa se sente mais bem acolhida e já muda”, disse a profissional, que também aplica cromoterapia no ambiente, oferendo um tratamento holístico a todos os pacientes que são atendidos por ela.

Ao falar sobre os atendimentos que realiza em José, a médica fica emocionada: “Só de ver o tamanho da cicatriz e conhecer toda história dele, é claro que existe um sofrimento intenso, um bloqueio de ficar restrito pela dor, mas me alegro ao saber que ele jamais perdeu a esperança”.

A terapeuta explica que já realizou infiltrações no paciente em pontos específicos que geram o gatilho da dor. Em seguida, é feito o procedimento da acupuntura. “Este serviço é oferecido via SUS em outros hospitais, mas a maneira com que o Hospital de Amor conduz é única, não somente pelo uso da tecnologia e aparelhos maravilhosos que há no Centro de Reabilitação, mas também pelo carinho e acolhimento que todos os colaboradores oferecem aos pacientes. Isso faz toda a diferença”, afirma a especialista, que tem sua fala validada por José.

“Deus colocou pessoas escolhidas por Ele no meu caminho, no tempo certo e durante todo meu tratamento. Eu costumo dizer que este é o melhor hospital de América Latina. Já fui em vários lugares do Brasil, mas não existe outro igual. Aqui, as pessoas respeitam o paciente e nos tratam com muita dignidade. Somos todos seres humanos e se eu preciso ser bem tratado, eu devo tratar todos bem, e no Hospital de Amor eu recebo o melhor”, conta o paciente que revela não ter medo das agulhas que recebe uma vez por mês, durantes os 25 minutos de sessão.

Com quase dois anos de tratamento terapêutico de acupuntura, José não precisa mais do auxílio do andador e da bengala para caminhar. Aliado à acupuntura e atividades físicas prescritas pelo time do Centro de Reabilitação, ele decidiu se mudar para Barretos, onde pode receber um tratamento de qualidade, gratuitamente, o que não ocorre em seu estado de origem. Ao lado de sua fiel companheira, sua esposa Eliani, ele vive com seus oito filhos.

Picadas de Amor

“Costumo dizer que ganhar um beijo é melhor do que ganhar uma picada, porém, eu já tive crianças de 5 anos que pediram acupuntura e já tive idosos que tem um maior estresse, então é uma coisa muito pessoal. Tem pessoas que trazem medos, porque nós ocidentais, muitas vezes, achamos que a agulha significa punição e sofrimento, mas neste caso não, são agulhas do bem que trazem bem-estar”, conclui a Dra. Margareth.

Assim como no relato acima, existem diversas comprovações de que a acupuntura de fato funciona. Contudo, no Brasil essa terapia só dever ser utilizada de maneira complementar ao tratamento clínico orientado pelo médico, contribuindo para a qualidade de vida do paciente. É claro que também não pode faltar carinho, amor e empatia!

Fotos: Divulgação/HA

Câncer de pênis levou quase 24% de casos à amputação e Sociedade Brasileira de Urologia alerta para a prevenção

De janeiro a novembro do ano passado, 1.933 casos de câncer de pênis foram notificados no Brasil. Desses, quase 24% dos pacientes, o equivalente a 459, precisaram ter o órgão amputado, em decorrência do avanço da doença. O dado foi revelado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que desenvolve, neste mês de fevereiro, uma campanha de combate a esse tipo de neoplasia maligna.

De acordo com o presidente da seccional amazonense da entidade, cirurgião uro-oncologista Giuseppe Figliuolo, a iniciativa faz alusão ao Dia Mundial de Combate ao Câncer, comemorado neste sábado (04/02).

Os dados, extraídos do DataSus, mostram que entre 2018 e 2022, foram diagnosticados 10.359 casos de câncer de pênis no Brasil e realizadas 2.830 amputações, uma média de 566 ao ano, dado considerado alarmante, afirma o especialista, uma vez que a doença tem prevenção e pode ser tratada com eficácia quando diagnosticada precocemente.

O especialista explica que a falta de informação é um dos principais fatores que levam os homens a não procurarem ajuda no início da doença, que tem como principais fatores de risco o HPV (Papilomavírus Humano), a fimose (em função do acúmulo de secreção abaixo do prepúcio, na região da glande), higienização inadequada e comportamento de risco, como o não uso do preservativo durante as relações sexuais.

“O câncer de pênis tem como principais sinais lesões na região genital, especialmente na glande ou na face interna do prepúcio. Essas lesões podem ter características variadas e, geralmente, não cicatrizam. É importante que os homens fiquem atentos a características como vermelhidão, coceira local, queimação, dor e odor desagradável”, explica Giuseppe Figliuolo.

Os principais métodos de prevenção, segundo o especialista, são: vacinação contra o HPV, uso de camisinha durante as relações sexuais, a higienização correta do pênis (puxando a pele para trás, lavando com água e sabão neutro, ou, sabão de coco) e a postectomia (retirada cirúrgica da pele que encobre a glande).

Pesquisa

Coordenada por Figliuolo, a pesquisa ‘Caracterização epidemiológica dos pacientes portadores de câncer de pênis: um estudo de 20 anos’, é desenvolvida no âmbito da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Amazonas (FCecon), com o suporte do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic), e tem mostrado o perfil da população que desenvolve a doença.

Atualmente, trabalham no estudo os seguintes pesquisadores: Bruna Marselle Marreira de Lima Barros, Kátia Luz Torres Silva,  Heidy Hallana de Melo Farah Rondon, Pâmella Vital da Silva, Giovanna Barbosa dos Santos, Valquíria do Carmo Alves Martins, além do uro-oncologista.

O objetivo da pesquisa é descrever as características clínicas e epidemiológicas dos pacientes, portadores de câncer de pênis, tratados na FCecon, considerada a unidade de referência em cancerologia na região.

Uma análise preliminar apontou que, em 181 indivíduos atendidos no período de 2002 a 2022, com idade entre 18 e 101 anos (média de 58 anos), 46,96% tinham mais de 60 anos e 13,26% tinham menos de 39 anos, dado importante, que, de acordo com o médico, mostra que a doença tem afetado também homens mais jovens que o habitual.

Quanto à procedência, 53,04% deles residiam no interior do Amazonas, onde a informação ainda é escassa, e 22,10% em Manaus. De acordo com o estudo, 17,13% eram analfabetos e 44,75% tinham apenas o 1º grau incompleto. Entre os principais fatores de risco detectados, 44,2% eram fumantes ou ex-fumantes e 41,44 % tiveram fimose.

Dos 76,24% que realizaram tratamento cirúrgico, 31,88% foram submetidos à penectomia total (amputação total do pênis) e 65,22% à penectomia parcial. Ainda de acordo com a pesquisa, o tumor mais frequente nesta população foi o Carcinoma de Células Escamosas de Pênis (CEEP) do tipo bem diferenciado, representando 30,39% dos casos.

Fotos: Divulgação

O combate aos cânceres ginecológicos começa com informação

Dra. Daniela de Freitas*

Criado pela União Internacional para o Controle do Câncer, o dia Mundial de Combate ao Câncer, em 4 de fevereiro, tem por objetivo levar informação de qualidade a pacientes e familiares sobre o tema. Algo fundamental, principalmente quando voltamos o olhar para o combate aos cânceres ginecológicos.

Apesar de apresentarem alta letalidade, pouco se fala sobre os cânceres ginecológicos. São considerados neoplasias ginecológicas aquelas que afetam o aparelho reprodutor da mulher. Entre eles, podemos citar: colo uterino, ovário, corpo uterino/endométrio, vagina e vulva.

No Brasil, o câncer ginecológico mais incidente é o do colo de útero, seguido pelo de ovário, um dos mais letais e de maior dificuldade de diagnóstico, pois não há exames específicos para sua detecção. Para se ter uma ideia, de cada 10 pacientes, apenas duas têm o diagnóstico precoce.

No caso do câncer de ovário, os principais fatores de risco que devem ser considerados são: idade superior a 40 anos, histórico familiar, não ter tido filhos ou ter sido mãe após os 30 anos e reposição hormonal.

Apesar de serem mais comuns na terceira idade, os tumores ginecológicos podem também acometer mulheres de outras faixas etárias. Por isso, é importante se informar sobre seu histórico familiar e realizar consultas periódicas com médicos ginecologistas, que poderão indicar a realização de exames como Papanicolau, HPV e ultrassom transvaginal.

É importante estar sempre atenta aos sinais do corpo. Um inchaço abdominal que persiste por dias ou meses, por exemplo, é um sintoma importante que precisa de investigação médica. Quanto mais precoce o diagnóstico e início de tratamento, melhores são as chances de evitar o avanço do tumor.

Apesar dos cânceres ginecológicos serem preocupantes, a medicina tem evoluído. Há novos tratamentos disponíveis. Muitos, inclusive, estão contemplados no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tornando seu acesso garantido para todas as mulheres elegíveis aos tratamentos e que possuem plano de saúde.

É importante sempre contar com o apoio de amigos e familiares e buscar informações científicas sobre sintomas, diagnóstico e tratamento. Informação é poder.

* Dra. Daniela de Freitas é médica oncologista do Hospital Sírio-Libanês.

Fotos:  Autora – Reprodução | Ilustrativa / UICC 

Material da Campanha do Dia Mundial do Câncer pela Union for International Cancer Control (UICC) está licenciado sob uma licença  Creative Commons Attribution-ShareALike 4.0 International License.

Cartilha do Hospital do GRAACC orienta sobre a importância do diagnóstico precoce de câncer nos olhos

O Hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC), referência no tratamento de casos de alta complexidade do câncer infantojuvenil, acaba de lançar uma cartilha digital () com informações sobre os principais sintomas e como identificar precocemente a doença, que é um tipo de câncer nos olhos, considerado o terceiro mais comum entre crianças com até três anos de vida. São cerca de 250 novos casos diagnosticados anualmente, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Se detectado em estágio inicial e tratado em centros especializados, as chances de cura passam de 90%.

“O diagnóstico precoce é imprescindível em qualquer tipo de câncer, pois quanto mais cedo for descoberto maiores são as chances de cura. No caso do retinoblastoma, em mais de 60% dos casos, o tumor pode causar leucocoria, que é um reflexo anormal da pupila quando exposta à luz conhecido como ‘reflexo do olho de gato’. É perceptível em fotos com flash por meio de um brilho branco diferente no olho da criança”, comenta a Dra. Carla Macedo, oncologista pediátrica do GRAACC.

O lançamento da cartilha ocorreu para celebrar o Dia Nacional de Conscientização do Retinoblastoma (18/09). E a boa notícia é que o tratamento de câncer nos olhos, em casos diagnosticados em estágios iniciais e intermediários, tem avançado substancialmente na última década. O Hospital do GRAACC possui um dos mais modernos centros de tratamento do retinoblastoma, comparado aos principais serviços existentes em países da Europa e nos Estados Unidos.

São 10 anos de experiência na aplicação da quimioterapia intra-arterial, procedimento minimamente invasivo que injeta a medicação diretamente na artéria oftálmica agindo direto no foco da doença, com mais de 1500 quimio-cirurgias realizadas.

“Esse procedimento, juntamente com a quimioterapia sistêmica, quimioterapia intraocular e as demais técnicas de tratamento local, reduz, em média, para 20% as necessidades de enucleação, que é a remoção do globo ocular”, afirma Dr. Luiz Teixeira, oftalmologista do GRAACC.

Principais Sintomas

Os cuidados com os olhos, desde os primeiros dias de vida da criança, são fundamentais. “O exame de fundo de olho é o mais indicado na rotina de consultas com o pediatra para diagnosticar em estágio inicial qualquer alteração ocular nos bebês. Independente do surgimento ou não de sintomas aparentes é muito importante também que pais e responsáveis levem a criança para avaliação de um oftalmologista no primeiro ano de vida”, alerta a oncologista pediátrica.

Alguns sintomas podem revelar alterações oculares que devem ser investigadas. Os mais comuns são:

Reflexo branco na pupila: (reflexo do olho de gato). Pode ser percebido quando o olho da criança aparece com um brilho branco diferente em fotos tiradas com flash e, também, por meio de um exame oftalmológico. É considerado um dos principais sinais de retinoblastoma.

Estrabismo: desvio ocular que pode acontecer por conta da fraqueza do músculo que controla o movimento do olho, sendo o retinoblastoma uma das raras causas.

Proptose: deslocamento anterior do olho na cavidade da órbita.

Outros sinais também merecem atenção como, por exemplo: problemas de visão; aumento do tamanho do olho, dor nos olhos; vermelhidão da parte branca do olho e sangramento na parte anterior do olho.

Tratamento

Como centro de referência no tratamento do câncer infantojuvenil, o Hospital do GRAACC possui equipe multidisciplinar especializada e todas as modalidades terapêuticas necessárias: quimioterapia intravenosa, quimioterapia intra-arterial, intravítrea, braquiterapia, laser e crioterapia.

“Um dos grandes avanços no combate ao retinoblastoma é a quimioterapia intra-arterial. Um microcateter é introduzido, normalmente em um acesso na virilha, e por meio de micronavegação é posicionado na artéria oftálmica do olho onde será injetada a medicação quimioterápica que tem concentração 80 vezes maior que a quimioterapia sistêmica. Geralmente são suficientes de 3 a 5 sessões para a remissão do câncer”, explica Dra. Carla.

O tratamento varia de acordo com cada caso e pode contemplar também: quimioterapia sistêmica que combina medicamentos administrados por via oral ou intravenosa; radioterapia; braquioterapia com dispositivos contendo material radioativo; terapia a laser; crioterapia e, como último recurso, a enucleação para a extração cirúrgica do globo ocular.

Retinoblastoma

Apesar de raro, é o tipo mais comum de câncer no olho em crianças, independentemente de sexo ou etnia. É formado na retina e 95% dos casos ocorre em crianças de até 5 anos. A maioria dos casos o retinoblastoma é unilateral, ou seja, se manifesta em apenas um dos olhos. 30 a 40 % restantes afetam os dois olhos (bilaterais). Também pode ser hereditário, o que ocorre em aproximadamente 40% dos casos.

A Classificação Internacional de Retinoblastoma intraocular é um sistema de estadiamento que divide os casos em 5 grupos:

A – Tumores pequenos na retina, de até 3 mm de diâmetro, que não estão perto de estruturas oculares importantes.

B – Tumores na retina maiores que 3 mm, mas próximos de estruturas oculares importantes.

C – Tumores definidos, com pequena dispersão sob a retina ou para dentro do material gelatinoso que preenche o olho.

D – Tumores grandes ou mal definidos com humor vítreo comprometido ou acometimento sub-retiniano longe do tumor retiniano. A retina pode se desprender da parte de trás do olho.

E – Tumor muito grande que se estende até perto da parte frontal do olho, é hemorrágico ou causa glaucoma, ou tem outras características que indicam a impossibilidade de o olho ser salvo.

Sobre o GRAACC

Criado em 1991 para atender crianças e adolescentes com câncer, o Hospital do GRAACC é referência no tratamento do câncer infantojuvenil, principalmente em casos de maior complexidade. Possui uma parceria técnica-científica com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que possibilita, além de diagnosticar e tratar o câncer infantil, o desenvolvimento de ensino e pesquisa.

O GRAACC é a primeira instituição do País, especializada em câncer infantojuvenil, a receber a acreditação da Joint Commission International (JCI), uma das organizações mais conceituadas do mundo na área de certificações em serviços de saúde. Em 2020, o atendeu cerca de 4 mil pacientes de todo o País e realizou mais de 32 mil consultas, além de cerca de 1,5 mil procedimentos cirúrgicos, 20,5 mil sessões de quimioterapias e 66 transplantes de medula óssea.

A instituição completa 30 anos de atividades em 2021. Neste período, o Hospital do GRAACC elevou o patamar do tratamento de alta complexidade do câncer infantojuvenil no Brasil para 70% de chances de cura, em média.

Outubro Rosa reforça importância de exames de rastreio e hábitos saudáveis

Por Lenise Ipiranga

Oano de 2020 tem desafiado a todos. Uma pandemia do novo coronavirus tem interferido dramaticamente nas vidas, nas rotinas e no planeta. E em meio ao combate ao vírus letal, que exige isolamento social, protocolos sanitários, uso obrigatório de máscara e responsabilidade consigo e com o próximo, temos de seguir com as outras batalhas em curso pela saúde, a exemplo da luta contra o câncer. E o Outubro Rosa deste ano reforça a necessidade da detecção precoce e de hábitos saudáveis de vida. O médico oncologista clínico William Hiromi Fuzita alerta para a importância de se manter a rotina de exames preventivos e de rastreamento, e destaca a inclusão de mais um medicamento contra o câncer de mama no Sistema Único de Saúde – o SUS.

Os índices são crescentes, tanto de incidência quanto de mortalidade. Fuzita aponta que, de acordo com recente estimativa mundial (2018), ocorreram 18 milhões de casos novos de câncer, sendo o câncer de pulmão o mais incidente, com 2,1 milhões de casos, seguido do câncer de mama, com 2,1 milhões de casos, nas mulheres as maiores incidências foram o câncer de mama com 24,2%, seguido do de intestino com 9,5%.

No Brasil, segundo o médico oncologista, a Estimativa 2020 do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), é de que ocorrerão em torno de 625 mil casos novos de câncer: o câncer de pele é o mais incidente com 177 mil casos; seguido pelo câncer de mama, com 66 mil casos, e o câncer de próstata, também com aproximadamente 66 mil casos. Em 2017, foi registrada a última análise da mortalidade, com 16.724 óbitos por câncer de mama.

O câncer de próstata e de mama representam as maiores taxas ajustadas para todas as regiões geográficas do pais, explica o médico, exceto na Região Norte, onde a incidência do câncer de mama é bem próxima do câncer de colo de útero. “E no Amazonas a situação é muito pior, porque o esperado é muito mais tumores de colo de útero do que de mama: a estimativa para 2020, são 580 casos de câncer de colo de útero, enquanto de mama são 450 casos novos”, alerta.

Conquista no SUS

No SUS, ressalta William Fuzita, foi uma grata felicidade a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), criada em 2011, que avalia as novas tecnologias a serem implementadas no SUS, ter aprovado, em dezembro de 2017, o uso do medicamento Pertuzumabe, específico para as mulheres com câncer de mama metastático HER2 positivo, o subtipo mais agressivo da doença. “Essa é uma ferramenta extraordinária, que traz inúmeros benefícios para a paciente com câncer de mama HER2 positivo. É uma grande conquista ter sido incluído no arsenal de tratamento para as mulheres no SUS”, enfatizou o oncologista clínico.

O medicamento Pertuzumabe, em terapia associada a outros dois, atua em termos do controle da doença, no prolongamento da vida com qualidade. Após dois anos e sete meses de sua aprovação, o Ministério da Saúde anunciou, em julho de 2020, a aquisição do medicamento e sua primeira parcela contratual foi entregue no mês de agosto deste ano. A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon) publicou, em 28 de agosto de 2020, e confirmou que o novo tratamento passou a ser oferecido para suas pacientes a partir da segunda quinzena do mesmo mês.

William Fuzita enfatiza que apesar da pandemia da COVID 19, as pessoas não podem abandonar os exames de rastreamento, preventivos, e procurar sempre o serviço médico assim que encontrar ou notar alguma alteração na mama

Alerta na Pandemia

O especialista aponta a pesquisa do Reino Unido, da cientista principal responsável Alvina Lai, PhD, do Institute of Health Informatics e do Health Data Research, ambos da University College London UK, na qual foi identificado que por causa da pandemia houve atraso no diagnóstico e, consequentemente, a descoberta do tumor com um volume maior, em estágio mais avançado; o estudo também registrou um afastamento do paciente, um distanciamento não só do diagnóstico, como também dos tratamentos. “Por tudo isso, é esperado um aumento de 40% de mortalidade por doença oncológica a partir deste ano de 2020 no Reino Unido, o que evidencia como a pandemia está modificando dramaticamente o tratamento do câncer”, ressalta o médico. E acrescenta que será preciso, infelizmente, que os serviços de saúde que tratam o câncer se preparem para atender pacientes com doenças mais avançadas, mais graves, e que tornam o tratamento muito mais complexo e, em consequência disso, com maior mortalidade.

“É importante salientar para a população que apesar da pandemia da COVID 19, não podemos abandonar os exames de rastreamento, preventivos, e procurar sempre o serviço médico assim que encontrar ou notar alguma alteração na mama”, alerta William Fuzita e recomenda: se a mulher notar algum nódulo na mama, alguma secreção do mamilo (descarga mamilar), a pessoa deve procurar o serviço de saúde; se já está completando 1 ano da sua avaliação das mamas, procurar novamente o mastologista, oncologista ou ginecologista para refazer os exames.

“Isso é muito importante, não devemos parar o rastreamento, para evitar o que foi observado nessa pesquisa cientifica no Reino Unido que, infelizmente, o diagnóstico está sendo mais tardio e isso está impactando de maneira significativa no aumento de 40% de mortalidade pelo câncer”, enfatiza. Independentemente da pandemia, reforça o médico, todos os serviços de saúde tem adotado práticas de prevenção e contingenciamento da infecção do SACS-COV 2, o novo coronavirus que desenvolve a COVID 19.

Orientações Médicas

O oncologista clínico explica que o Ministério da Saúde ainda preserva a orientação de que as mulheres devem fazer a mamografia a partir dos 50 anos de idade, a cada 2 anos, porém, tanto a Sociedade de Brasileira de Mastologia (SBM) como a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) mantem a recomendação de que, acima dos 45/50 anos, a mulher deva fazer a mamografia anualmente. “Isso traz um excelente benefício no rastreio precoce de doenças, consequentemente, é possível diagnosticá-las em estágios iniciais, muito mais fáceis de serem tratadas e, obviamente, atingir o que sempre esperamos de um tratamento oncológico que é a cura”, esclarece o médico.

E, mesmo no Outubro Rosa sendo a data de chamar a atenção para o câncer de mama, William Fuzita alerta que no estado do Amazonas é fundamental salientar a importância da prevenção do câncer de colo de útero, onde são esperados mais casos do que o câncer de mama. O médico ressalta que o câncer de colo de útero pode ser 100% prevenível, com a realização do exame Papanicolau, conhecido como preventivo, e também da vacina contra o vírus HPV (Papilomavirus Humano), que é distribuída gratuitamente na rede pública de saúde, no SUS, com indicação de: duas doses para meninas dos 12 aos 15 anos, e para meninos dos 13 aos 15 anos; e acima dessa faixa etária, dos 15 anos, disponível somente na rede privada de atendimento, com  orientação de três doses da vacina.

Pela Organização Mundial da Saúde – OMS, pontua William Fuzita, na hipótese de que todos conseguissem fazer atividade física todos os dias, manter o peso ideal para a respectiva altura, não fumar, não ingerir bebida alcoólica, comer de maneira adequada, com uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes, seriam evitados 40 % de todos os diagnósticos oncológicos do mundo, ou seja, 40% de todos os cânceres, se fossem praticados hábitos de vida saudável pela população mundial.

Dr. William Hiromi Fuzita é membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica|SBOC; membro titular da Sociedade Brasileira de Cancerologia|SBC; membro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica|ASCO; e diretor da Sensumed Oncologia.

Foto Médico: Divulgação

Novos caminhos da oncologia

Por Ramon Andrade de Mello (*)

Os avanços da ciência têm proporcionado respostas para diversos males que afligem a população. Nessa pandemia, por exemplo, a agilidade dos cientistas na produção de uma vacina para combater o novo coronavírus superou as expectativas. Os resultados podem trazer alento às pessoas que enfrentam a Covid-19.

Nos próximos anos, a ciência deve continuar oferecendo importantes respostas para as doenças que devemos enfrentar num futuro bem próximo. O envelhecimento da população trará profundos impactos na saúde. Para o triênio 2020-2022, as estimativas brasileiras apontam o registro de 625 mil novos casos de câncer no período, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma.

Para superar esse novo panorama, pesquisadores de todo o mundo têm se lançado na busca de medicamentos e procedimentos capazes de mudar a abordagem de tratamento das pessoas acometidas por diversos tumores. Na área de oncologia, as terapias genéticas vêm se mostrando o melhor caminho pelos cientistas. Elas atuam nas mutações dos genes das células defeituosas para eliminá-las, uma técnica complementar aos métodos tradicionais – quimioterapia, radioterapia ou cirurgia.

Para quem considera que esses procedimentos ainda estão distantes da nossa realidade, vale ressaltar que o Brasil segue a tendência mundial na busca do tratamento contra o câncer e estudos pioneiros, como os iniciados na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), vão sequenciar o código genético de pessoas não fumantes acometidas por câncer de pulmão. A proposta da pesquisa é identificar os fatores de risco dessa população e apontar os tratamentos mais adequados para muitos casos da doença, com medicamentos que ofereçam maior poder de precisão e menores efeitos colaterais. Denominados de terapias-alvo, esses tratamentos atuam diretamente nas moléculas indispensáveis para as atividades das células cancerígenas, freando a sua expansão.

A ciência e os pacientes também comemoram os bons resultados da imunoterapia, uma técnica que estimula as próprias células de defesa contra o câncer. A escolha do melhor procedimento depende de uma avaliação minuciosa da saúde de cada paciente, realizada por meio de exames clínicos, entre outros processos. Esse método estimula o sistema imunológico no combate às células cancerígenas, bloqueando as engrenagens que elas usam para enganar as defesas com a liberação de proteínas, que se encaixam em receptores dos linfócitos T. Com a técnica, eles identificam e ordenam que outras células destruam os patógenos, que são agentes infecciosos.

Os cientistas já conseguem inclusive fazer a mutação em laboratório dos linfócitos T. Essa alteração ajuda a estimular no reconhecimento das células tumorais quando eles são reintroduzidos no paciente. A dificuldade do tratamento é identificar as alterações precisas que permitam ser aplicadas como alvos, pois o câncer é uma doença multifatorial e de mecanismos moleculares complexos, que se relacionam entre si para manter a célula maligna atuante.

As descobertas trazem vantagens como a redução significativa dos efeitos colaterais dos métodos tradicionais, como a quimioterapia. O sucesso dessas novas técnicas já permite vislumbrar, num horizonte de curto e médio prazos, a abordagem do câncer como uma doença crônica, mas ao mesmo tempo controlável quando bem acompanhada, assim como hoje ocorre com a hipertensão ou a diabetes. Os novos passos da ciência na área de oncologia reforçam nosso otimismo de que a cura para muitas doenças não é apenas um sonho.

(*) Ramon Andrade de Mello, médico oncologista, professor da disciplina de oncologia clínica da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), da Uninove (Universidade Nove de Julho) e da Escola de Medicina da Universidade do Algarve (Portugal).

Foto: Divulgação/ExLibris
Ilustração: Gerd Altmann/Pixabay

O câncer em 2020: como estamos nessa batalha?

Por Dra. Vivian Antunes

Entre outras tantas coisas, o câncer é um desafio para a humanidade. É temido por quase todos nós (senão todos), é vigorosamente caçado por cientistas ao longo dos séculos, é doloroso para os milhões que dele sofrem e é passível de prevenção em um terço das vezes.

A doença é mesmo um desafio vivo. A história dessa moléstia se entrelaça com a própria história da humanidade, com seu primeiro registro há 4 milhões de anos. Por mais que hoje se saiba mais sobre o câncer do que nunca, e que marcantes avanços sejam reconhecidos, ainda é responsável por 9,6 milhões de mortes todos os anos.

Dados recentes publicados pela American Cancer Society (ACS) documentam uma queda de 2,2% na mortalidade por câncer entre 2016 e 2017. Essa é a maior queda registrada até hoje, e pode ser parcialmente explicada pelos avanços nos cuidados do câncer de pulmão e melanoma nesse período. A mortalidade por câncer subiu até 1991, e desde então teve queda de 29%.

O mundo da ciência está otimista por presenciar o que antes parecia inatingível, como o advento da imunoterapia (tratamento que faz com que o sistema imunológico atue contra o câncer), e que traz maior chance de cura mesmo para pacientes com metástases.

As coisas também têm mudado para aqueles que vivem com a doença, não só pelos melhores desfechos e melhor controle de sintomas, mas sobretudo por assumirem cada vez mais o protagonismo do seu tratamento.

Não existe mais espaço para a medicina que olha exclusivamente para a doença. Entra em ação o trabalho de dar acesso a informações qualificadas para que os pacientes compartilhem decisões que respeitem seus valores. É viver com coerência, na saúde e na doença. É tratar com respeito a doença e o doente.

Esse processo, às vezes citado como “empoderamento” do paciente, vai além da qualificação médica: requer ação dos meios de informação por diferentes mídias, o ativismo e empenho de organizações relacionadas ao tratamento e resultam em uma feliz mudança de paradigmas no tratamento de seres humanos.

A contar para o lado triste da história estão as vidas que poderiam ser salvas com a adequada implementação de estratégias de prevenção e detecção precoce. Por exemplo, cerca de um terço das doenças neoplásicas podem ser prevenidas.

O tabaco ainda é responsável por 22% das mortes por câncer, e evitar a obesidade, manter atividade física e dieta adequadas reduzem consideravelmente o risco de desenvolver diversos tipos de tumores, como o de mama, intestino e próstata.

Ainda no caminho do que podemos evitar está o câncer de colo uterino. O Brasil tem um lamentável e elevadíssimo número de mulheres que sofrem e morrem por essa doença. É importante mencionar o papel da vacinação contra o vírus HPV como um marco na luta contra mortes pelo câncer. A melhor conscientização e educação da população, bem como estratégias de saúde pública, podem reduzir mortes por câncer. Não é otimismo excessivo. É ciência e ação!

Em um país de grandes disparidades, temos também o que chamo de desigualdade do câncer. O acesso aos recursos que trazem maior chance de cura e mais do que dobram o tempo de vida de pacientes não é homogêneo. Felizmente os tratamentos são a cada dia melhores, mas também, proporcionalmente mais caros. Sem falar no desequilíbrio no número de mortes por câncer no mundo, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento.

O Dia Mundial do Câncer fortalece o movimento de todos que enxergam o câncer como um desafio a ser combatido para que, um dia, seja uma doença menos temida, menos sofrida, mais compreendida pela ciência e quem sabe, previnida em uma boa parte das vezes, senão em todas elas.

Vivian Castro Antunes de Vasconcelos é médica oncologista clinica do Hospital Vera Cruz, grupo SOnHe e CAISM-UNICAMP. É mestre em ciências na área de Oncologia pela Unicamp. Membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO).

Foto: https://www.worldcancerday.org/pt-br
Portal Vida Amazônica apoia a Campanha Mundial #DiaMundialdoCâncer #EuSouEEuVou

Astellas Oncologia premia trabalho de formação de voluntários que cuidam de filhos de pacientes

Foram 27 projetos brasileiros inscritos na área de cuidados com o câncer que vão além da medicina. Número de inscrições no Brasil superou a soma de projetos canadenses, ingleses, africanos, europeus e australiano

A Astellas divulgou os vencedores do Prêmio Astellas Oncologia “C3 Prize”. A 4ª Edição do desafio global em busca de ideias inovadoras que podem gerar uma mudança significativa na atenção e cuidado com câncer premiou com US$ 100 mil o projeto da canadense Audrey Guth, fundadora da Nanny Angel Network, de Toronto. O valor será usado para financiar a expansão do seu trabalho de formação de voluntários que cuidam de crianças cujas mães foram diagnosticadas com câncer.

“As mães, principalmente em populações carentes, geralmente são forçadas a escolher entre cuidar de seus filhos e procurar tratamento, e um diagnóstico tão sério pode deixar as crianças tristes, assustadas e ansiosas”, disse Guth. “Sou grata pela oportunidade de expandir o alcance e o impacto da Nanny Angel Network, pois procuramos aliviar o fardo de viver com câncer para as famílias”.

Pelo primeiro ano, ideias brasileiras puderam participar da premiação. “Ficamos extremamente felizes por esse motivo, mas principalmente porque a adesão dos proponentes brasileiros foi enorme para uma primeira edição no país. Isso nos dá muito orgulho”, diz Ricardo Ogawa, Gerente Geral da Astellas Farma Brasil.

Três finalistas apresentaram suas ideias a um painel de juízes, incluindo o empresário de celebridades e ativista do câncer Bill Rancic e outros líderes de inovação, saúde e negócios, durante um evento ao vivo em Nova York, em outubro.

O desafio deste ano concedeu quatro prêmios, totalizando US$ 200 mil em fundos (um grande prêmio de US$ 100 mil, dois prêmios de inovação de US$ 45 mil e um prêmio de ideias emergentes de US$ 10 mil).

Juntamente com o financiamento, todos os vencedores terão a oportunidade de participar do Tedmed 2020 como bolsistas, juntando-se a uma comunidade única e multidisciplinar de importantes pensadores e realizadores de todo o cenário da saúde, medicina e inovação científica. Os vencedores também receberão uma associação complementar de um ano da Matter, uma incubadora global de start-ups de assistência médica, nexo comunitário e acelerador de inovação corporativa.

Os vencedores deste ano foram:

• Daniella Koren, de Nova York, EUA, fundadora da Arches Technology, cuja ideia é expandir um programa digital de educação e engajamento de pacientes chamado MyCareCompass, que fornece informações relevantes e educação baseada em evidências para as pessoas afetadas pelo câncer, ao longo da jornada de tratamento.

• Leslie Schover, do Texas, EUA, fundadora da Will2Love, cuja ideia é adaptar programas de auto-ajuda para homens e mulheres para atender às necessidades de populações especiais, incluindo sobreviventes mais jovens e sobreviventes LGBTQ+. O Will2Love fornece educação on-line e orientação de especialistas para ajudar as pessoas afetadas pelo câncer a superar problemas de saúde e fertilidade sexual, treina profissionais de oncologia para gerenciar melhor esses problemas e consulta hospitais para estabelecer programas de saúde reprodutiva.

“A Astellas está extremamente orgulhosa em ajudar a promover essas ideias inspiradoras dos vencedores deste ano, que estão trabalhando ativamente para transformar o que significa viver com um diagnóstico de câncer e melhorar a experiência do paciente durante toda a jornada”, disse Mark Reisenauer, VicePresidente Sênior da Unidade de Negócios Oncologia da Astellas.

Na foto: Audrey Guth, fundadaora da Nanny Angel Network, vencedora do Prêmio Astellas Oncologia “C3 Prize”

Plataforma de conversa visa fomentar a educação médica

A Amgen, uma das maiores empresas de biotecnologia do mundo, lança no Brasil a ferramenta Conversando Sobre Mieloma Múltiplo, que visa fomentar a atualização do conhecimento científico de médicos que tratam este tipo de câncer. A plataforma, gratuita para os especialistas, apresentará vídeos no formato de blocos de conversa que, de forma didática, discutirão os temas mais atuais e relevantes acerca do Mieloma Múltiplo, bem como as melhores práticas no tratamento e cuidado com o paciente.

A ferramenta foi desenvolvida em parceria com a coordenação médica do Dr. Angelo Maiolino, referência no tratamento do Mieloma Múltiplo no Brasil, e lançada durante o HEMO – principal congresso de hematologia do país, realizado entre 6 e 9 de novembro pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular. A iniciativa é exclusiva para os médicos brasileiros, a fim de fomentar e contribuir com o acesso à educação cientifica.

“O Brasil é um território com diversas realidades. A ideia da plataforma é reunir conhecimento acadêmico, experiências clínicas e a diversidade que o médico enfrenta na aplicação da medicina para compartilhar com a classe as boas práticas no tratamento de pacientes com essa doença, que ainda é um grande desafio no diagnóstico e tratamento”, explica Angelo Maiolino.

O mieloma múltiplo é um tipo de câncer que afeta os plasmócitos – células sanguíneas responsáveis pela produção de anticorpos. A ciência ainda não reconhece quais são os fatores que causam a enfermidade, portanto, não existem formas de prevenção. A maior parte dos pacientes tem mais de 65 anos e os casos são um pouco mais frequentes em homens do que em mulheres. Atualmente não existe cura para a doença, porém, os recentes avanços na medicina têm aumentado a sobrevida e a qualidade de vida dos pacientes. [1]

“O mieloma múltiplo é um dos tipos de câncer mais complexos de se estudar, diagnosticar e tratar. Por muitas décadas, os pacientes não encontraram tratamento disponível que atuasse na progressão da doença”, afirma Dr. Maiolino. “Nos últimos anos, a medicina avançou em novas tecnologias que permitem que os médicos consigam tratar a doença, inclusive, em estágios mais avançados aumentando a qualidade de vida deste paciente”.

Serviço
“Conversando Sobre Mieloma Múltiplo”
Acesso gratuito para médicos
Link: http://www.conversandosobremm.com.br.

[1] Tipos de Câncer — Mieloma Múltiplo. A.C. Camargo. Disponível em http://www.accamargo.org.br/tipos-de-cancer/mieloma-multiplo.

A.C.Camargo lança série “Ciência que faz diferença”

Você sabia que Biobanco é o local onde são armazenadas coletas de materiais biológicos humanos para estudos e descobertas de doenças, assim como desenvolvimento de novos medicamentos? E que a Genômica é a ciência que estuda o genoma completo de um organismo e pode determinar a sequência de um DNA ou apenas o mapeamento de uma escala genética? E que a imunoterapia é um tratamento que tem como principal objetivo potencializar o sistema imunológico para combater doenças como o câncer? E, por fim, que o Microbioma é um conjunto de bactérias, fungos e vírus que compõem o organismo e tem um papel muito importante no corpo humano?

Se você não sabia disso ou quer saber mais sobre cada um destes assuntos, não perca os intervalos dos canais GloboNews e GNT. Ambos estão exibindo uma série desenvolvida pelo A.C.Camargo Cancer Center sob a temática “Ciência que faz diferença”. São quatro vídeos que abordam os temas Biobanco, Genômica, Imunoterapia e Microbioma.

A Pesquisa é um dos pilares do A.C.Camargo Cancer Center. É a geração de conhecimento científico que beneficia a prática assistencial, promovendo inovações ao tratamento e permitindo praticar uma oncologia cada vez mais personalizada.

Foto: Reprodução|A.C.Camargo