Quando um familiar assume o papel de cuidador do idoso

Por Marcelo Valadares*
Neurocirurgião da Unicamp e do Hospital Albert Einstein

As doenças neurodegenerativas, caso da doença de Alzheimer, trazem mudanças para a saúde física e mental dos pacientes, além de alterarem, muitas vezes, a rotina das famílias. Com o avanço da condição e agravamento do quadro, pode ser que o paciente precise de acompanhamento contínuo de alguém da família ou de um profissional de saúde para ajudá-lo com as tarefas do dia a dia. Eis que entra então um ator fundamental neste cenário: o cuidador.

Não é incomum que parentes mais próximos do paciente assumam esse papel. Para tanto, essas pessoas costumam deixar de trabalhar ou abdicam de outras funções para cuidar da mãe ou do pai idoso. Como médicos, é nossa função nos atentarmos para as necessidades dessa pessoa, educando, valorizando e acolhendo esse cuidador.

Com o aumento da expectativa de vida da população, esse importante ator da cadeia de cuidados vem ganhando protagonismo. Se há condições econômicas, essa função é executada por uma equipe de profissionais de enfermagem, mas, no meu consultório, ainda vejo muitos familiares que assumem essa importante função.

Encarar o posto de cuidador quando se é próximo ao paciente, não é uma tarefa simples. O primeiro desafio é quando nos deparamos com a troca de papeis, quando deixamos de ser filhos para nos tornarmos pais dos nossos genitores. É compreensível estranhar a situação, afinal podemos ter em mente o fato de que o envelhecimento é uma etapa de vida como as demais, mas a finitude, embora seja o destino de todos, é assustadora.

Outro ponto a se ressaltar é que esse cuidador não pode ser o único responsável pelo paciente. Muita se fala do burnout no universo corporativo, mas essa pessoa elencada para dedicar-se aos cuidados com uma pessoa enferma, seja um parente ou profissional, também sofre dessa síndrome, em que o estresse e o desgaste levam a esgotamento mental, quadros de depressão e crises de ansiedade.

Ter uma rede de apoio é fundamental para evitar sobrecargas físicas e mentais. É necessário entender que essa pessoa precisa de alguém para substitui-la em plantões, idas a consultas médicas e divisão de tarefas domésticas e administrativas.

Ninguém está preparado para acompanhar o agravamento da saúde de qualquer ente querido, nem as alterações cognitivas e comportamentais que fazem às vezes com que o paciente com Alzheimer não reconheça os familiares mais próximos. É um exercício de paciência, resiliência, de desenvolvimento da inteligência emocional e, muitas vezes, de afeto.

Por isso, uma forma de atenuar essa situação é engajar-se num grupo de pacientes, sempre um importante apoio para essas pessoas. No Brasil, temos a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz), o Oncoguia destinado a pacientes com câncer, a Casa Hunter dedicada a doenças raras, entre outras instituições que fazem um trabalho excelente de divulgação de conhecimento, empoderamento e acolhimento.

Ledo engano achar que quem cuida não adoece, ainda mais quando existem fortes laços afetivos com o paciente. Sessões de terapia ou mesmo com o médico psiquiatra também podem ajudar. Enfim, precisamos lembrar sempre sobre a importância desse cuidador e respeitá-lo com carinho e muito amor.

* Marcelo Valadares é neurocirurgião, médico da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Hospital Israelita Albert Einstein.

Fotos:  Autor – Divulgação | Ilustrativa – Pixabay 

Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa lança curso a distância de Cuidador de Idoso

O Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa lança o curso a distância Cuidador de Idoso dentro de sua nova grade de cursos EAD. A formação é voltada para pessoas com idade igual ou superior a 18 anos com interesse na área e que completaram o ensino fundamental, além de profissionais da saúde, como auxiliares e técnicos de enfermagem. Com isso, o curso oferece uma formação específica e certificação para quem ainda não a tem, apesar da experiência na área.

A coordenadora do curso, Lilian Schafirovits Morillo, geriatra do corpo clínico do Sírio-Libanês, conta que o curso abordará temas como o processo de envelhecimento e o papel do cuidador, destacando pontos importantes como os sinais de alerta em que é necessário solicitar ajuda médica, os riscos da medicação sem orientação do profissional adequado, a forma correta de ministrar remédios e organizar estoques, os cuidados com a pele, a prevenção de quedas e as principais doenças entre idosos. “O nosso principal compromisso é com a qualidade na formação e no cuidado com o idoso. Nossa experiência e excelência dentro do Hospital Sírio-Libanês com a geriatria será amplamente compartilhada durante esta formação”, afirma Lilian.

Christian Fassel Tudesco, superintendente de operações do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, lembra que o curso é o início da carreira, com informações para que as pessoas que não atuam na área conheçam a profissão. Porém, ele lembra que a busca contínua por formação deve ser permanente. “Aqui no Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, por exemplo, temos outros cursos, presenciais, para quem quer seguir nesta área”, diz, citando os cursos Cérebro Ativo, que tem por objetivo promover a saúde cerebral de adultos e idosos, além de cursos de pós-graduação em geriatria voltados para médicos e outros profissionais da área de saúde.

Envelhecimento

A população brasileira está vivendo mais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de vida de quem nascer em 2019, por exemplo, é de 80 anos para mulheres e 73 anos para homens. Além disso, projeções do IBGE feitas com base no Censo de 2010 indicam que, até o ano passado, 0,12% da população brasileira era formada por homens com 90 anos ou mais e 0,24% por mulheres com a mesma idade.

Esse aumento na expectativa de vida impulsionou a profissão de Cuidador de Idoso. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, de 2007 a 2017 foi registrado um aumento de 547% entre o número de cuidadores, saltando de 5.263 para 34.051.

SERVIÇO EAD Cuidador de Idosos

Duração: 20 horas – a partir da inscrição, o acesso fica disponível para que o aluno conclua os estudos no prazo que considerar mais adequado
Inscrição e mais informações: http://eadsiriolibanes.org.br/#cuidados-de-idosos

Valor: R$ 300,00

Foto: reprodução

Curso de informática específico para idosos ganha adeptos em Manaus

O Curso de Informática para a Terceira Idade do Senac Amazonas vem ganhando espaço e cada vez mais adeptos. A flexibilidade do horário, o atendimento individual e o preço acessível são pontos favoráveis da modalidade. O curso, que tem na ementa Windows, Internet e Rede Sociais, custa o valor de R$ 140.

A modalidade é ofertada nas unidades do Senac Centro, Chapada e Cidade Nova, por meio da Escola Interativa. O espaço é exclusivo para alunos que buscam qualificação e ensino, mas que preferem fazer o seu horário de estudo, como a aposentada Itelvina Leny dos Santos , 73.

“Eu tenho achado o curso muito bom. Tenho aprendido tanto. Temos liberdade para chegar a hora que quer, ficar só no computador, sem ninguém cutucando. Eu acho melhor assim. Aqui é só, tem que aprender só. O resultado final é meter a cara pra saber mesmo”, disse Itelvina.

A “jovem” estudante, como ela se intitula, que já fez cursos de corte e costura, datilografia, bordado e culinária, dessa vez se desafiou e afirma está contente com a escolha e promete não parar por aqui.

“Eu tenho muita dificuldade em lidar com o celular, com as coisas novas de tecnologia. Tinha que ficar pedindo dos outros. Pensei comigo mesma: Não, vou é aprender esse negócio. Quando terminar esse, vou pro avançado. Não vou sair daqui tão cedo”, brincou.

Para a doméstica Rosalba Souza, 54, o curso de informática básica é uma oportunidade. Ela frequenta a unidade do Senac duas vezes ao dia e, no seu tempo, adquiri o conhecimento desejado para conquistar a volta para o mercado de trabalho.

“Chego aqui e faço meus trabalhinhos sem pressa. Escrevo tudo, respondo as perguntas e vou aprendendo. Fiquei muito tempo parada, pensava muito no trabalho e, agora, estou aproveitando meu tempo. Meu ex-patrão quer me chamar pra distribuidora dele e pediu pra eu fazer o curso, estou me preparando”, contou eufórica.

Tempo

De acordo com o professor Rodrigo Silva, que acompanha os alunos na unidade do Senac Chapada, os idosos optam pelo curso devido a flexibilidade do tempo e liberdade no momento do aprendizado.

“A principal diferença dos cursos da Escola Interativa é essa, a flexibilidade de horário. Outros pontos que são destacados por eles também são questões como acompanhamento individual, o início imediato e a liberdade de aprender só não necessariamente precisa esperar fechar uma turma pra começar”, destacou.

Além do curso de informática para idosos, a Escola Interativa Senac oferta cursos presenciais de digitação, criação de games no Construct 2, criação de artes gráficas, técnicas para secretárias, práticas administrativas de escritório, departamento pessoal, informática kids e outros.

Foto: Fecomércio/Ascom