Para um mundo mais sustentável, mais livros e educação

Por Luciano Monteiro *

Antes que o mundo corporativo acordasse para a agenda ESG, a indústria do livro já se movia em direção ao desenvolvimento sustentável, buscando, desde 2007, a certificação de origem do papel usado nesse mercado. Um exemplo bem-sucedido dessa iniciativa é que 100% das 70 milhões de toneladas de papel utilizadas para a impressão dos livros no nosso país, no âmbito do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), têm origem certificada e provêm de floresta de manejo, como aponta o Anuário Abrelivros 2022. O selo é conferido pelo Forest Stewardship Council (FSC).

No entanto, não é só na certificação do papel de floresta de manejo que o setor editorial avança. O livro ecológico tem um papel também na valorização dessa indústria e dos empregos que ela gera. Segundo pesquisa da Green Press Initiative, 80% dos consumidores estariam dispostos a pagar um pouco mais pelos chamados livros verdes.

Cabe aqui destacar a iniciativa do Clube de Leitura dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS). A iniciativa, que no Brasil tem o apoio da Câmara Brasileira do Livro e da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, reúne 175 títulos da literatura infantil para incentivar que as crianças tenham contato com os princípios da sustentabilidade regidos pela ONU. As obras que compõem a ação também servem como inspiração e referencial para escolas, professores e alunos.

Afinal, é pela educação que se deve medir a importância do livro e da leitura para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). No Objetivo 4, associado à educação de qualidade, a Meta 4.7 funciona como um resumo estratégico do caminho a seguir: “Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável”.

Na Sociedade do Conhecimento, como é chamado o século XXI, a educação deve ser entendida como um bem comum, como escreve o autor português António Nóvoa. Isso significa lutar permanentemente por uma educação de qualidade para todos, bem como pela democratização do acesso a todos os bens da cultura. Não será por outro caminho que chegaremos a 2030, deixando para trás as distopias e acreditando em um mundo melhor.

* Luciano Monteiro é diretor de Comunicação e Sustentabilidade do grupo educacional Santillana e vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro

Com apoio da ONU, live do Natiruts no TikTok fala de primeiro videoclipe carbono zero no mundo

Natiruts, primeira banda no mundo a gravar um videoclipe com o selo de carbono zero, e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) realizam neste dia 21 de março, Dia Internacional das Florestas, uma live no TikTok sobre os detalhes da gravação do clipe pioneiro, feito em parceria com a Carbonext, além de discutirem temas importantes sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável. A iniciativa é uma parceria entre o TikTok, o Natiruts e o PNUMA, e se soma a outras ações realizadas na plataforma que buscam contribuir para conscientização ambiental.

Na campanha com Natiruts e PNUMA, além de disseminar informações relevantes sobre o assunto, o evento também tem como objetivo estimular a criação de vídeos com temas relacionados ao meio ambiente e sustentabilidade por meio da hashtag #PelaNatureza. A parceria reflete o comprometimento da plataforma em promover e engajar ainda mais seus usuários em pautas que impactam diretamente a vida de toda a população do mundo.

Em fevereiro do ano passado a plataforma realizou uma campanha para reflorestamento ambiental em parceria com Gilberto Gil e o Instituto Terra que resultou no plantio de 40 mil árvores em área degradada da Mata Atlântica. Recentemente, o TikTok promoveu outra campanha para reflorestamento ambiental em parceria com Gaby Amarantos e o  Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM), e tem o compromisso de plantar 20 mil árvores na Amazônia até o final do ano. As iniciativas refletem a preocupação com as mudanças climáticas e a importância de contribuir para restauração dos ecossistemas.

O selo de carbono zero contabiliza a emissão de gases do efeito estufa e reverte em plantio de árvores, com o objetivo de neutralizar os problemas causados por esses elementos, como o aquecimento global.

O PNUMA atualmente é a principal autoridade que promove a implementação coerente da dimensão ambiental do desenvolvimento sustentável no Sistema das Nações Unidas e serve como autoridade defensora do meio ambiente no mundo.

Live #PelaNatureza
Segunda-feira, 21 de março de 2022
Horário: 18h
Onde: Perfis do Natiruts e da ONU Brasil no TikTok

Fórum do Desenvolvimento reúne lideranças internacionais para discutir sustentabilidade

A 7ª edição do Fórum de Desenvolvimento, realizado anualmente pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), entidade composta pelos bancos de desenvolvimento, agências de fomento e cooperativas de crédito de todo o país, Finep e Sebrae, acontece nos dias 15 e 16 de março, em Brasília. O evento será transmitido on-line e reunirá instituições dos cinco continentes e economistas ligados aos presidenciáveis das eleições de 2022.

Com inscrições gratuitas pelo site do evento (Clique aqui), o Fórum oferece palestras, debates e mesas redondas com a equipe econômica dos presidenciáveis e integrantes de instituições financeiras de todo o mundo, incluindo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e Fundo Monetário Internacional (FMI).

O Fórum do Desenvolvimento vai debater uma agenda global comum a todos os cinco continentes, cujo objetivo é estimular o desenvolvimento sustentável e o relançamento da economia brasileira em bases sustentáveis, em sintonia com a Agenda 2030. Durante o evento, será apresentado o Plano ABDE 2030, documento criado pela entidade com ações concretas para impulsionar o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O evento tem apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e patrocínio da Agência Francesa de Desenvolvimento (Agence Française de Développement – AFD) Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), do projeto FiBraS – Finanças Brasileiras Sustentáveis, da Agência Alemã de Cooperação (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ) e do Banco de Brasília (BRB).

“Os associados da ABDE que integram o Sistema Nacional de Fomento estão sintonizados com essa agenda global de desenvolvimento e têm o compromisso de mobilizar recursos para financiar projetos que viabilizem uma transição para uma economia mais sustentável e inclusiva”, afirma a presidente da ABDE, Jeanette Lontra.

Programação

A abertura do Fórum do Desenvolvimento contará com mesa redonda composta por lideranças de instituições financeiras de desenvolvimento. Entre elas a Secretária Geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Rebeca Grynspan; a Gerente de Instituições para o Desenvolvimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Susana Guerra, a Diretora Geral Adjunta da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), Marie-Hélène Loison, o Embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, o Vice-Presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), Jorge Arbache, a Coordenadora Residente das Nações Unidas no Brasil (ONU Brasil), Silvia Rucks; o Presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento (BEI), Ricardo Mourinho Félix.

Em seguida, será apresentado o Plano ABDE 2030. Economistas ligados aos presidenciáveis participam da discussão e receberão o documento. Dentre os nomes confirmados estão os economistas Guilherme Mello (Lula), Affonso Pastore (Sergio Moro), Zeina Latif (João Doria), Germano Rigotto (Simone Tebet) e Nelson Marconi (Ciro Gomes).

O segundo dia do evento terá como tema “Impulsionando as missões do Brasil na agenda da sustentabilidade e inovação”. Serão seis painéis de discussão ao longo do dia, com as participações de presidentes de instituições financeiras de desenvolvimento, acadêmicos e representantes de entidades privadas.

Entre os participantes confirmados no dia 16 estão a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira; a diretora de Estratégia do Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB), Saloua Sehili; e a professora da Columbia University, Stephany Griffith-Jones.

Ilustração: Gerd Altmann/Pixabay

Desenvolvimento sustentável: Manaus é a 11ª entre as capitais em ranking inédito da ONU

A poucos dias de completar 352 anos, no dia 24 de outubro, a cidade de Manaus aparece na 11ª posição entre as 26 capitais estaduais do estudo elaborado com base no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR), o que mostra que a capital do Amazonas ainda tem grandes desafios a superar para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030, estando distante das metas estabelecidas em nove dos 17 ODS.

No ranking geral do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR), que computou e analisou os dados de 770 municípios de todo o país, Manaus encontra-se na 260ª posição, com pontuação média de 57,60 considerando todos os objetivos a serem atingidos. Quanto mais próximo de 100, mais perto de alcançar as metas preconizadas pela ONU.

A cidade registra nove ODS assinalados na cor vermelha, nível mais baixo do índice, sendo que os objetivos situados no patamar inferior da tabela estão os de número 2 – Fome zero e agricultura sustentável (42,3 pontos), 3 – Saúde e bem-estar (43,4 pontos), 4 – Educação de qualidade (44,4 pontos), 5 – Igualdade de Gênero (34,0 pontos), 6 – Água Limpa e Saneamento (61,4 pontos), 8 – Trabalho decente e crescimento econômico (48,8 pontos), 10 – Redução das Desigualdades (39,1 pontos), 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis (48, 0 pontos) e 16 – Paz, Justiça e Instituições eficazes (38,2 pontos), sendo que alguns desses pontos são desafios compartilhados por prefeitos e gestores públicos de todo o país.

Por outro lado, o índice mostra que Manaus está muito próxima de alcançar plenamente o ODS 7 – Energia Limpa e Acessível (98,0 pontos), o ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura (86,8 pontos) e o ODS 15 – Proteger a Vida Terrestre (93,9 pontos).

Manaus está distante das metas estabelecidas em nove dos 17 ODS definidos pela ONU (Foto: Lenise Ipiranga/Vida Amazônica)

Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades

Lançado recentemente (em 23/3), o Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-BR) é um estudo inédito desenvolvido pelo Programa Cidades Sustentáveis (PCS), em parceria com a Sustainable Development Solutions Network (SDSN), uma iniciativa da ONU para monitorar os ODS em seus países-membros.

A iniciativa conta com o apoio do Projeto CITinova e consiste em um extenso trabalho de seleção, coleta e sistematização de dados de 770 municípios brasileiros, incluindo as capitais estaduais, além de cidades de todas as regiões metropolitanas e biomas do país. Ao todo, foram utilizados 88 indicadores de gestão relacionados aos diversos temas abordados pelos 17 ODS. O levantamento dos dados foi realizado pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap).

Embora as cidades ainda tenham quase dez anos para avançar na Agenda 2030, o estudo mostra que a maioria dos municípios está muito distante de cumprir as metas estabelecidas em 2015.

O objetivo mais desafiador é o 3 – Saúde e Bem-Estar, justamente o que apresenta uma relação direta com a pandemia em sua meta 3.d, que preconiza: reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais de saúde.

Neste ODS, 756 das 770 cidades estão no pior quartil do sistema de classificação e as outras 14, no segundo pior. Nenhuma cidade está nas duas melhores faixas da escala, que significam que o objetivo foi atingido (no caso do melhor quartil) ou que há alguns desafios para atingi-lo (no caso do segundo melhor). Importante destacar que os dados e indicadores do índice não levam em consideração os efeitos da pandemia, uma vez que se referem a períodos anteriores à disseminação do novo coronavírus.

Por outro lado, Manaus está muito próxima de alcançar plenamente três ODS: Energia Limpa e Acessível; de Indústria, Inovação e Infraestrutura; e de Proteger a Vida Terrestre (Foto: Lenise Ipiranga/Vida Amazônica)

Metodologia

A metodologia do IDSC-BR foi elaborada pela SDSN (UN Sustainable Development Solution Network), uma iniciativa da ONU para mobilizar conhecimentos técnicos e científicos da academia, da sociedade civil e do setor privado no apoio de soluções em escalas locais, nacionais e globais. Lançada em 2012, a SDSN já desenvolveu índices para diversos países e cidades do mundo.

O IDSC-BR apresenta uma avaliação abrangente da distância para se atingir as metas dos objetivos ODS em 770 municípios, usando os dados mais atualizados (tipicamente entre 2010 e 2019) disponíveis em nível nacional e em fontes oficiais. As cidades foram selecionadas de acordo com os seguintes critérios: capitais brasileiras, cidades com mais de 200 mil eleitores, cidades em regiões metropolitanas, cidades signatárias do Programa Cidades Sustentáveis (PCS) na gestão 2017-2020 e cidades com a Lei do Plano de Metas, além de contemplar todos os biomas brasileiros.

A pontuação do IDSC-BR é atribuída no intervalo entre 0 e 100 e pode ser interpretada como a porcentagem do desempenho ótimo. A diferença entre a pontuação obtida e 100 é, portanto, a distância em pontos porcentuais que uma cidade precisa superar para atingir o desempenho ótimo. Há uma pontuação para cada objetivo e outra para o conjunto dos 17 ODS.

O mesmo conjunto de indicadores foi aplicado a todos os 770 municípios para gerar pontuações e classificações comparáveis. Diferenças entre a posição de cidades na classificação final podem ocorrer por causa de pequenas distâncias na pontuação do IDSC.

Desse modo, o índice apresenta uma avaliação dos progressos e desafios dos municípios brasileiros para o cumprimento da Agenda 2030.

FOTOS: Lenise Ipiranga/Vida Amazônica

Qual o seu papel na construção de um futuro sustentável?

* Por Cristiana Xavier de Brito

Estamos vivendo um período sem precedentes e que nos tem feito refletir sobre como seguir adiante. Foi necessário se reorganizar e estabelecer novos métodos de trabalho para manter os negócios ativos e atrativos. Este momento também mostrou o quanto a sustentabilidade é importante, para o mundo e para as empresas. Não faz tanto tempo, ainda se discutia sobre criar uma área de sustentabilidade e como isso teria impacto nos negócios. Mas hoje podemos afirmar que a sustentabilidade é o próprio negócio.

A sustentabilidade segue sendo uma das principais preocupações da sociedade, com consumidores que dão preferência por organizações que evidenciem em suas atuações os pilares social, ambiental e o econômico. Muitas empresas ainda enfrentam o desafio em manter essas três frentes ativas para os diferentes públicos de interesse das organizações, incluindo investidores que estão cada vez mais atentos a essa questão. Mas como devemos nos preparar para seguir na construção de uma estratégia de negócios sustentável e assertiva? Todas as empresas estão prontas para isso? E se ainda não foi dado o primeiro passo em busca da sustentabilidade dentro da empresa, é possível começar agora?

A boa notícia é que sim. A sustentabilidade é uma jornada, e é preciso entender cada empresa e cada cadeia produtiva para buscar as melhorias incessantemente.

Neste sentido, há 15 anos, foi criada a Fundação Espaço ECO, instituída e mantida pela BASF, que promove o desenvolvimento sustentável no ambiente empresarial e na sociedade. Com uma equipe capacitada e especializada, a instituição elabora projetos de consultoria personalizados que mensuram os impactos econômicos, sociais e ambientais, de processos e produtos de uma organização, isso tudo sob a ótica da sustentabilidade. E o resultado desta consultoria não poderia ser diferente, com um direcionamento claro, a organização pode identificar seus pontos sensíveis e como traçar uma estratégia para fortalecê-los.

Atuando nos mais diferentes setores e com sua experiência, a Fundação identificou as principais tendências da sustentabilidade corporativa e quais devem guiar as discussões nos próximos anos. São eles: cadeia de valor responsável, capital natural, bioeconomia e economia circular.

Reafirmo a importância do diálogo e da troca de experiência e, celebrando os 15 anos da Fundação, foram realizados eventos abertos ao público, nos quais foi possível debater com representantes de empresas, instituições, especialistas e formadores de opinião o futuro da sustentabilidade corporativa e seus desafios. Vimos cases e estratégias e a relação com a performance organizacional, ainda mais neste período que estamos passando, além de reforçar que o tema está “quente” dentro das companhias. No meu caso, que estou muito envolvida com o assunto sustentabilidade no mundo corporativo, é muito gratificante ver isso de fato se tornando realidade.

O que temos como certo é que a sustentabilidade empresarial ainda vai trazer novas formas de conectar os recursos naturais, os bens de capital aos bens de consumo, conectando o capital natural com as demandas de mercado e criando cadeias de fornecimento mais responsáveis. Para isso, é necessário nos manter ativos e atuantes para auxiliar a todos que estão nesta mesma caminhada a acompanhar as tendências e estar alinhados com as demandas, permitindo que todos tenham êxito e conquistas.

Saliento mais uma vez a importância para que as empresas insiram a sustentabilidade nos seus negócios, aqui estamos falando de um número crescente de organizações de todos os portes, e que possam contar com a troca de experiências e o apoio de entidades como a FEE. Afinal, essa é uma demanda que está cada vez mais presente no nosso dia a dia, tanto que estudo recente do Pacto Global apontou que 92% dos CEOs acreditam que sustentabilidade é fator crítico para o sucesso da empresa, porém, apenas 48% estão integrando sustentabilidade na operação.

Temos um longo caminho a percorrer e não podemos desistir ou nos desviar do nosso objetivo. O mais importante é saber que não estamos sozinhos e que não seremos bem-sucedidos se não compartilharmos experiências. Juntos, podemos traçar estratégias e até encontrar soluções que corroborem com o sucesso e benefícios de todos. A pergunta que faço agora é: você está preparado para não desistir e seguir adiante?

* Cristiana Xavier de Brito, diretora de Relações Institucionais e Sustentabilidade da BASF América do Sul e Conselheira da Fundação Espaço ECO

Como (re)pensar a sustentabilidade

*por Camila Von Muller Vergueiro Caram

Você sabia que, segundo o Google Trends, a pergunta mais buscada na internet com relação a sustentabilidade no Brasil, no período de 13/06/19 a 13/06/20, é “O que é sustentabilidade?”. Parece estranho que essa seja a questão que mais intriga os brasileiros em pleno século XXI, mas há uma explicação para isso.

A questão é que o conceito de sustentabilidade mudou muito ao longo dos anos. No começo da minha carreira, essa palavra já tinha ganhado destaque, mas ainda estava associada ao cuidado com o meio ambiente, junto com outros termos, como reflorestamento, limpeza de rios e lagos, economia de energia e papel, repensar o uso de combustíveis fósseis, mas sempre associando sustentabilidade ao meio ambiente.

Nos últimos tempos, o conceito ficou mais abrangente e incorporou a roupagem de como está hoje no dicionário, que especifica sustentabilidade relacionando-a a aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais, buscando suprir as necessidades do presente sem afetar as gerações futuras.

Ao meu ver, faz mais sentido, já que quando pensamos nas gerações futuras, construímos em nossa mente o mundo que queremos deixar a elas. E, de fato, ele não é permeado apenas pelo meio ambiente.

Por isso, a sustentabilidade precisa ser pensada por todos nós em suas várias facetas. Sustentabilidade é cuidar da água, da terra, da natureza. Mas, também é olhar para a igualdade de gênero, dar condições aos colaboradores para exercerem suas funções da melhor maneira possível, estimular a criatividade, reconhecer que as pessoas são o que diferencia uma empresa da outra, dividir o que se tem em grande quantidade com quem tem muito pouco, proporcionar cultura, educação e saúde a todos, melhorar a distribuição de renda, deixar de segmentar as pessoas pela cor da pele ou origem social, estimular o cuidado com a saúde e educar sobre todas essas questões.

É um conceito realmente bastante amplo, que está pouco a pouco saindo do campo das ideias para o das ações. No entanto, é preciso a força e a compreensão de toda a sociedade para que isso aconteça.

Percebe como não é tão esquisito saber que, pelo menos no Brasil, a pergunta “o que é sustentabilidade?” é a que reúne mais acessos quando se busca sobre o conceito de sustentabilidade no período citado? E esse fator complementa outra pesquisa realizada também no Google Trends, considerando todo o mundo e o período de 14/06/19 a 14/06/20, onde a primeira pergunta mais buscada é, na tradução para o português: “Por que as empresas estão começando a incorporar a sustentabilidade em seu modelo de negócios?”.

A resposta está visível, por um viés ou pelo outro. A sociedade mudou, assim como aconteceu com o conceito de sustentabilidade. Hoje, uma empresa desperta interesse não só pela posição que ocupa no mercado ou por seu faturamento, mas também pelo propósito e pelas práticas relacionadas a diversidade, sustentabilidade e iniciativas sociais, para citar alguns exemplos. De fato, é tudo isso que irá determinar o verdadeiro valor de uma marca.

Mas aqui vale uma ressalva. Da mesma forma que sustentabilidade não é só cuidar do ‘verde’, ela também não é só filantropia. É preciso entender, praticar e disseminar o conhecimento de sustentabilidade em sua amplitude.

Uma forma de começar essa discussão na sua empresa é ter a agenda de desenvolvimento sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) como o fio condutor para uma atuação responsável aliada à ideia de progresso, já que ela engloba 17 objetivos, os ODSs (http://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/). Estou segura de que não há evolução sem uma agenda de crescimento sustentável, da mesma forma em que não há desenvolvimento sem o protagonismo das empresas no tema.

A maioria das empresas já entendeu que implantar iniciativas sustentáveis não é um gasto, mas sim um investimento. Já estão no radar, também, as vantagens competitivas proporcionadas pelo tema, as oportunidades de mercado que são criadas, bem como a atração e retenção de talentos por trás de uma empresa sustentável. Mas quero trazer aqui uma provocação para quem talvez não saiba por onde começar: simplesmente comece!

Você pode começar de várias maneiras: por meio de pequenas práticas; com agendas sustentáveis e se comprometendo a solucionar os principais problemas globais, mas em âmbito local; apoiando a pequena comunidade no entorno da sua empresa. E essas são apenas algumas das várias iniciativas que podem surgir.

Começar pode não ser fácil, mas tem um valor enorme. Não só para você ou a sua empresa, mas para os colaboradores, a cadeia de fornecedores, as comunidades, os clientes, os investidores e todos os que estão à volta deles. Por isso, volto a dizer: simplesmente comece! Essa a forma que temos para construir o futuro no melhor tempo, o agora.

* Camila Von Muller Vergueiro Caram é superintendente de Estratégia Digital e Marketing da OdontoPrev, empresa líder em planos odontológicos na América Latina e maior operadora do setor de saúde do Brasil em número de clientes.

Pesquisa sobre frutos amazônicos rende ao Inpa segundo lugar em premiação sobre sustentabilidade

Estudos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) sobre o potencial biotecnológico, nutricional e efeito dos frutos camu-camu, cubiu, açaí e pupunha para auxiliar na prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis como diabetes, colesterol e obesidade são reconhecidos pelo Prêmio Samuel Benchimol. Os pesquisadores Francisca Souza e Jaime Aguiar conquistaram a segunda colocação na categoria Projetos de Desenvolvimento Sustentável na Região Amazônica com a proposta “Frutos amazônicos como estratégia de inovação, sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida”. A cerimônia de entrega ocorre no dia 23 de novembro, em Belém (PA).

Na última década, o Grupo de Alimentos e Nutrição do Inpa se dedicou a estudar as propriedades e funcionalidades de frutos nativos, espécies que tem participação na economia do setor agrícola da região. A proposta agora é agregar valor a alimentos existentes e na elaboração de novos produtos regionais, nutritivos e funcionais. Essa é a primeira vez que o Grupo de Pesquisa Alimentos e Nutrição do Inpa, liderado por Francisca Souza, é contemplado com o Prêmio Professor Samuel Benchimol. “Esse prêmio é um reconhecimento do trabalho que vem sendo realizado há mais de dez anos estudando os frutos amazônicos e divulgando benefícios deles para a saúde das pessoas”, disse Souza.

As pesquisas do grupo buscam estudar o potencial biotecnológico e o papel de frutos amazônicos com relevante valor econômico e nutricional e na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças metabólicas (dislipidemias – como colesterol- e diabetes) e obesidade. São pesquisados o potencial econômico, tecnológico, nutricional e funcional da pupunha (Bactris gasipaes Kunth), açaí (Euterpe oleracea Mart.), camu-camu (Myrciaria dubia (Kunth) Mac Vaugh) e o cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal).

“Todos esses frutos são nativos e normalmente são subaproveitados, necessitando de novas tecnologias em relação ao processamento que possibilitem aumento da vida de prateleira e melhor utilização”, explicou Souza, que junto com Aguiar foram os únicos pesquisadores do Amazonas contemplados nessa edição do prêmio.

Os pesquisadores esperam ainda que a tecnologia seja transferida ao setor produtivo e as empresas se encarreguem de produzir em escala comercial com preços ao alcance da população. Outra aspiração é formar profissionais para atuar na área da nutrição humana, no aproveitamento tecnológico dos frutos regionais e contribuir para minimizar os problemas de saúde pública, como desnutrição e doenças crônicas não transmissíveis. “Espera-se estar contribuindo na terapia nutricional de diabéticos”, destacou Souza.

Na área ambiental, a tecnologia utilizará resíduos (cascas e sementes) que são considerados contaminantes ambientais quando descartados em excesso, de modo que não haverá risco de danos ao meio ambiente.

Testes

Para saber as propriedades funcionais dos frutos transformados em alimentos, as pesquisas do grupo testaram, a partir do açaí, a farinha, bebidas (suco e néctar), extratos e cereais; da pupunha, foram farinha e cereal; do cubiu, farinha e bebidas; e do camu-camu investigaram farinha, bebidas e produtos liofilizados (desidratados), barra de cereal, biscoito e pães. Os testes sensorial e laboratorial foram feitos em roedores e humanos. “Os resultados apontaram para redução de níveis de glicose e colesterol usando produtos à base de cubiu, camu-camu e o açaí”, contou Souza.

Os estudos do grupo são resultados de um projeto maior denominado “Frutos amazônicos para produção de alimentos funcionais”, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).

Prêmio Samuel Benchimol e Banco da Amazônia

Os Prêmios Professor Samuel Benchimol e Banco da Amazônia de Empreendedorismo são voltados ao empreendedorismo consciente. O prêmio Banco da Amazônia abrange duas categorias: Economia Criativa e Economia Verde, além do reconhecimento da Empresa Amazônia e de um microempreendedor de sucesso, com o prêmio Florescer.

Constituídos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e Banco da Amazônia e unificados em 2009, os prêmios foram criados para promover a reflexão e propor ações sobre as perspectivas econômicas, científicas, tecnológicas, ambientais, sociais e de empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável da região amazônica.

Foto: Ascom/Emater (via Fotos Públicas)