Estudo aponta marcador promissor no pós-operatório digestivo oncológico

O estudo do nutricionista clínico-oncológico Ábner Souza Paz, especialista em terapias nutricionais da SENSUMED Oncologia e pesquisador do Instituto SENSUMED de Ensino e Pesquisa Ruy França – ISENP, que finalizou seu mestrado, realizado na Universidade Federal do Amazonas – UFAM, pelo Programa de Pós-graduação em Cirurgia – PPGRACI, aponta um marcador promissor, o Ângulo de Fase (AF°), advindo de aplicação de Bioimpedância Elétrica, na atuação das equipes cirúrgicas digestivas oncológicas, no intuito de prever situações indesejáveis no pós-operatório, tais como efeitos da desnutrição e até mesmo o óbito.

Pela dissertação de mestrado de Ábner Souza, que teve orientação da professora Drª. Maria Conceição de Oliveira, e avaliação da professora Drª. Ana Rita e do médico cirurgião e professor Dr. Gerson Nakajima, foi provado que o marcador AF° é mais sensível em diagnosticar a desnutrição e prever possíveis problemas após a cirurgia, quando comparado com os outros marcadores convencionais usados na prática clínica.

Segundo o especialista, a utilização do AF° favorece a compreensão da equipe cirúrgica multidisciplinar para as condutas conservadoras, durante o período operatório, dando assim maior chance de recuperação aos pacientes, bem como menores riscos de morte.

Os métodos de avaliação nutricional com o AF°, no pré-operatório, explica Ábner Souza, apresentam diagnóstico, mesmo antes da intervenção cirúrgica, de valores com significação clínica de elevado risco e de piora do quadro de desnutrição, com possíveis desfechos negativos no pós-operatório. “Sendo assim, a avaliação nos dá embasamento para talvez postergar o procedimento cirúrgico, em detrimento de um possível preparo de imunonutrição no pré-operatório”, enfatiza o nutricionista clínico-oncológico. Destacando-se nesse sentido o cuidado com a alta prevalência de desnutriç& atilde;o antes de procedimento cirúrgico favorecendo as complicações pós-operatórias graves, das quais a desnutrição é um fator preditivo para sua ocorrência.

As limitações desse estudo, ressalta o pesquisador, incluem a avaliação de pacientes de apenas um único centro médico implicando no transversal, tamanho da amostra com um número expressivo.

Perspectivas

Pelo estudo realizado, destaca Ábner Souza, o marcador AFº deverá se tornar ferramenta rotineiramente empregada nos serviços de oncologia, possibilitando antever o prognóstico do paciente, além de poder servir como instrumento de triagem nutricional, possibilitando o encaminhamento de pacientes ao serviço de nutrição. “Dessa maneira, é possível reduzir as complicações decorrentes do tratamento cirúrgico oncológico e, consequentemente, proporcionar melhores desfechos, inclusive com menores custos hospitalares”, avalia o pesquisador.

Ábner Souza recomenda que os métodos antropométricos de avaliação nutricional, relacionados às medidas físicas do corpo humano, devem ser reavaliados à luz da epidemia de sobrepeso e obesidade. O nutricionista adianta que novos estudos devem sugerir pontos de corte que sejam mais sensíveis para identificar desnutrição. E demais métodos de avaliação nutricional, como dinamometria e EMAP, devem ser melhor avaliados em diferentes populações com maiores números de participantes.

A partir dessa dissertação, avalia Ábner Souza, novos trabalhos poderão ser desenvolvidos em assuntos relacionados ao estado nutricional e à gravidade da inflamação em pacientes com câncer, bem como incorporar o AFº como indicador prognóstico durante a avaliação pré-operatória.

Foto: Divulgação

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